Sempre comedido, o ministro Joaquim Levy deu uma "bronca" na plateia que participava, na tarde desta terça-feira, do Brazil Summit, evento promovido pela revista britânica The Economist para falar sobre os rumos da economia brasileira.
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Com convidados de peso como Pedro Parente, presidente do conselho de administração da BMF&Bovespa, da economista Monica de Bolle, do escritor Fernando Gabeira, de Joesley Batista, presidente do conselho da JBS e de Pedro Moreira Salles, presidente do conselho do Itaú, o encontro foi marcado, até a chegada do ministro, no início da tarde, por um tom bastante pessimista em relação ao futuro do país. Análises feitas com base, principalmente, nas perspectivas ruins de crescimento e no conturbado cenário político.
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- O governo reduziu drasticamente os gastos discricionários (aquele que o Poder Executivo tem autonomia para enxugar) em 2015. Nossa despesa nominal (sem desconto da inflação no período) hoje é menor que 2013. Estamos cortando na própria carne. Não é certo dizer que não estamos fazendo nada. Não podemos cair neste desespero. Sair da euforia para o buraco. O Brasil já esteve em situação pior e conseguiu se recuperar - afirmou Levy.
O ministro comparou o Brasil de 2015 com o de 1999: o país vinha de vários anos de PIB fraco e a CPMF foi fundamental na época para ajustar um problema fiscal e incentivar o retorno do crescimento da economia, afirmou, ressaltando a importância da volta do imposto, mesmo que provisoriamente, para execução do ajuste fiscal.
-A diferença é que hoje estamos em uma situação melhor. Temos reservas cambiais, que dão mais segurança para manejo da política econômica. Apesar da perda de grau de investimento (pela agência de classificação de risco Standard & Poor´s), não temos um risco iminente. Vamos com calma! - afirmou, em tom de crítica.
Levy rebateu a ideia de que o país passa hoje por um problema de dominância fiscal - quando o Banco Central fica impedido de aumentar a taxa de juro para segurar a inflação para evitar maiores impactos nas contas públicas.
-Conheço bem a teoria e ela foi desenvolvida em um contexto americano. Depois de publicado o estudo, Paul Volcker assumiu o Banco Central americano e subiu drasticamente a taxa de juro. Causou impacto na dívida, sim, mas segurou a inflação, então não vejo muito sentido - disse.