Um dia depois de retirar o selo de bom pagador do Brasil, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota de 45 empresas brasileiras. Dessas, 36 perderam o grau de investimento. Entre elas, destacam-se as estatais Petrobras e Eletrobras e instituições financeiras como Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, BNDES, Caixa e Banrisul.
Empresas da área de infraestrutura e energia também perderam o selo de bom pagador. São elas: Comgás, Coelce, Elektro, Taesa, Neoenergia, Atlantia Bertin, Arteris, CCR e Ecorodovias e subsidiárias dessas companhias (confira relação completa abaixo).
O maior impacto foi sobre a Petrobras, que teve sua nota reduzida de BBB- para BB, com perspectiva negativa (ou seja, pode ser rebaixada novamente). A nota da petroleira está um grau abaixo do rating do Brasil, que na quarta foi cortado para BB+.
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É mais um obstáculo para o processo de recuperação da companhia, que já enfrenta os baixos preços do petróleo e os impactos da alta do dólar em seu elevado endividamento. "A companhia deve enfrentar desafios para financiar seus investimentos, dada o volume de dívida necessária para os próximos anos", escreveram os analistas Luiz Carvalho e Filipe Gouveia, do HSBC, em relatório aos clientes. A estatal tem hoje dívida de cerca de US$ 140 bilhões que vem sendo pressionada pela desvalorização do real frente à moeda americana. Do total de seus empréstimos, 73% estão atrelados ao dólar.
No mesmo dia, a Petrobras propôs aos sindicatos dos petroleiros o corte de 25% nos salários da área administrativa em troca da redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais. A sugestão foi rechaçada.
"O rebaixamento da Eletrobras, de Itaipu e da Petrobras está em linha com nosso critério para entidades relacionadas ao governo", justificou, em nota, a agência de classificação de risco. No caso da Eletrobras, a S&P avalia que uma ajuda do governo à companhia "é quase certa". Por essa razão, procurou equalizar o rating da companhia com o do país. A mesma explicação é válida para a nota dada à Itaipu Binacional.
Para a S&P, as distribuidoras de energia e as concessionárias de rodovias ficam mais vulneráveis se a qualidade de crédito soberana (do país) se enfraquece de forma significativa. A agência cita o risco de potencial de controle de tarifas e deterioração na disponibilidade de crédito. Situação semelhante foi apontada pela agência para o rebaixamento de diversas instituições financeiras. Conforme a S&P, "os bancos costumam ser afetados pelos mesmos fatores econômicos que causam o estresse soberano".
- A perda do grau de investimento significa que todas as empresas brasileiras terão um custo de captação de recursos muito maior - afirmou o diretor-presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto.
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Ele destacou que a decisão torna as companhias mais vulneráveis e frágeis, não apenas do ponto de vista financeiro, mas porque o valor de mercado "caiu dramaticamente".
- Isso significa que vamos entregar as companhias brasileiras de bandeja para quem é de fora. O preço das empresas está na bacia das almas - disse o executivo.
Veja a lista das empresas que perderam o grau de investimento, segundo a agência:
1. Arteris
2. Atlantia Bertin Concessões (AB Concessões)
3. Autoban - Concessionária do Sistema Anhanguera Bandeirantes
4. Autopista Planalto Sul
5. Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais
6. Banco do Brasil
7. Banco do Nordeste do Brasil
8. Banco Safra
9. Banco Santander (no Brasil)
10. Banrisul
11. BNDES
12. Bradesco
13. Caixa Econômica Federal
14. CCR
15. Citibank (no Brasil)
16. Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba)
17. Companhia de Gás de São Paulo (Comgas)
18. Companhia Energética de Pernambuco (Celpe)
19. Companhia Energética do Ceará (Coelce)
20. Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern)
21. Concessionária da Rodovia Presidente Dutra
22. Concessionária Ecovias dos Imigrantes
23. Ecorodovias Concessões e Serviços
24. Elektro Eletricidade e Serviços
25. Eletrobras
26. Itaipu Binacional
27. Itaú Unibanco
28. Itaú Unibanco Holding
29. Neoenergia
30. Petrobras
31. Rodonorte Concessionária de Rodovias Integradas
32. Rodovia das Colinas
33. Samarco Mineração
34. Santos Brasil Participações
35. Transmissora Aliança de Energia Elétrica (Taesa)
36. Triângulo do Sol Auto-Estradas
* Zero Hora, com agências