Nos últimos três anos em que o Estado teve queda no PIB, as maiores retrações ocorreram em anos de seca. Em 2005, a economia gaúcha teve um tombo de 2,8% e, em 2012, encolheu 1,5%.
Já a crise causada pela turbulência financeira global nascida nos Estados Unidos, que jogou o Brasil em recessão no começo de 2009, fez a atividade do Rio Grande do Sul cair 0,4% naquele ano.
Projeção para queda da economia em 2015 chega a 2,44%
Joana Colussi: o oásis no clima árido da economia gaúcha
A economista-chefe da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado (Fecomércio-RS), Patricia Palermo, pondera que, apesar de anos de falta de chuva apresentarem uma queda mais brusca do PIB, é difícil apontar qual causa é mais prejudicial à economia do Estado ao longo do tempo.
- A seca é um fenômeno local e faz com que nossa economia se descole do país. A taxa vai lá em baixo em função da grande participação da agropecuária no nosso PIB. Mas no ano seguinte volta a ser grande e há um efeito compensatório em relação ao período anterior - diz Patricia.
Outra questão a ser analisada seria a gravidade e o prolongamento da crise e da seca em cada ano. Patricia lembra ainda que, quando há falta de chuva, existe uma perspectiva de reversão no ciclo com a aproximação da nova safra. No caso da crise atual, por enquanto não há sinalização clara de quando a economia começa a reagir.
Na comparação entre os segundos trimestres de 2005, 2009, 2012 e de 2015, a primeira e a terceira quedas mais intensas também ocorreram em anos de seca. Mas vale lembrar que é neste período, devido à colheita de soja, que aparece mais o peso da agricultura na economia gaúcha.
Marta Sfredo: prospectar o fundo do poço é única atividade em alta
O resultado trimestral do PIB gaúcho divulgado nesta quarta-feira pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) também parece confirmar que, em regra, o Estado se sai melhor do que a média brasileira quando há boa safra. Enquanto o Rio Grande do Sul teve retração de 0,6% no segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado, no país a queda foi de 2,6% na mesma comparação.
Afetada pela crise, fábrica de Canoas demite um terço dos funcionários
Mas não há o que comemorar. Apesar da retração trimestral inferior ao Brasil, o Estado acumula agora, assim como o país, cinco trimestres seguidos de retração.