Com os cortes da Esplanada dos Ministérios reduzidos a uma tentativa de garantir sustentação do governo no curtíssimo - a análise de vetos prevista para esta quarta-feira - e no médio prazo - para barrar pedidos de impeachment -, o país assiste a mais improviso.
A intenção de adequar a estrutura administrativa à atual realidade financeira da União, ao menos no plano simbólico, ficou no caminho. É verdade que parte da responsabilidade sobre o atropelo é da "pauta-bomba", inicialmente estimada em R$ 284 bilhões e desbastada na sessão que varou a madrugada de terça-feira passada. Mesmo parcialmente desarmada, armadilha legislativa ainda tem potencial destrutivo sobre um orçamento depauperado. Só o reajuste de 78% para o Judiciário, que enfrentou mais resistência na semana passada, teria custo de R$ 35,7 bilhões para os cofres públicos até 2019.
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Na véspera de o imbróglio ser desenrolado, o Relatório Global de Competitividade 2015/16 do Fórum Econômico Mundial mostrou o Brasil na pior posição desde que passou a frequentar a lista, na década de 1990. Agora, está na metade inferior, com a 75ª posição entre 140 países.
Na classificação geral, perdeu 18 posições de um ano para outro.
O tombo foi atribuído à deterioração das contas públicas e aos escândalos de corrupção.
A Fundação Dom Cabral, que coleta e analisa os dados do ranking no Brasil, observou que a crise aumenta "o questionamento e a crítica da comunidade empresarial ao serviço de treinamento e à indisponibilidade de instituições para isso". Como os dados consideram a situação do ano passado, uma nova piora é previsível em 2015.
Um dos poucos alentos para o Brasil oferecidos pelo relatório é a perspectiva de aumento das exportações aberta pela desvalorização do real. Até agora, essa possibilidade tem se mostrado mais teórica do que prática. Até agora, a balança comercial se reequilibra pela redução das importações, não pelo aumento das vendas ao Exterior. A Esplanada que vai emergir da reforma iniciada ainda nesta terça pode representar um recomeço ou uma sobrevida ao governo.