A retirada do selo de bom pagador do Banrisul, anunciada nesta semana pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, está relacionada a turbulências econômicas no Brasil e não tem relação direta com a gestão fiscal do banco, afirmam especialistas. Depois de o país perder grau de investimento, 36 empresas brasileiras foram rebaixadas, entre as quais 12 instituições financeiras.
Na avaliação de analistas da agência, a exposição desse tipo de companhia é maior que outros ramos da economia. Mesmo Bradesco e Itaú, que tiveram ótimo desempenho no último trimestre, tiveram as notas reduzidas.
- É um procedimento padrão. Toda vez que a nota (do país) é rebaixada, os bancos em geral são afetados. Acontece que estavam apenas um degrau acima do grau de investimento. Com a queda, perdem o selo. Não tinha nada que o Banrisul pudesse fazer para evitar - afirma Valter Bianchi, da gestora de Patrimônio Fundamenta.
Mesmo não sendo considerado o responsável pela situação, o banco deve sentir o impacto da queda ao ser obrigado a pagar mais para captar recursos, caso o faça. Ainda antes da decisão, o Banrisul havia cancelado uma emissão prevista.
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Mais atingidas devem ser as instituições que buscam recursos no Exterior, como o Banco do Brasil.
- Problema maior será o Brasil perder grau de investimento em outra agência de risco. Vários fundos impõem restrição de crédito para quem tem grau especulativo em duas e não renovam empréstimos - diz Debora Morsch, gestora da Zenith Asset Management.
SP, MG e SC viram grau especulativo
A S&P rebaixou nesta sexta-feira as notas de crédito de longo prazo em moeda estrangeira de São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina de BBB- para BB+. Com isso, esses Estados passam a ser classificados como grau especulativo. Segundo a S&P, diante do cenário de contração econômica do Brasil, o crescimento econômico, os níveis de emprego e as receitas desses governos locais e regionais sofrerão no restante de 2015 e em 2016.
O caso do RS
Embora tenha situação financeira avaliada pelas agências de classificação de risco todos os anos (que levam em conta a saúde fiscal de todos os Estados para chegar a nota consolidada para o país), o Rio Grande do Sul não contrata a divulgação deste serviço.
A contratação é feita por unidades da federação e municípios quando há interesse em tornar a nota de conhecimento geral.
Se bem classificadas, ganham um argumento a mais na atração de empresas estrangeiras.
*Com Agência Estado