Após a constatação de recessão econômica com a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre pelo IBGE e o rebaixamento brasileiro pela agência de classificação de risco Standard & Poors, as previsões de analistas do mercado financeiro no Relatório de Mercado Focus pioraram ainda mais.
De acordo com o documento divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central, a perspectiva de retração da economia este ano passou de 2,44% para 2,55% - um mês antes estava em queda de 2,01%. Para 2016, a mediana das previsões passou de -0,50% para -0,60% ante taxa de -0,15% de quatro semanas atrás.
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Segundo o IBGE, o PIB brasileiro caiu 2,6% no segundo trimestre deste ano na comparação com o primeiro e 1,9% ante o mesmo período de 2014. O BC, apesar de também ter revisado para pior sua projeção para este ano, de queda de 0,6% para retração de 1,1%, segue mais otimista que o mercado. No Relatório Trimestral de Inflação de junho, a instituição informou que a mudança ocorreu em função de piora nas perspectivas para a indústria, cuja expectativa de PIB recuou de -2,3% para -3,0%. Uma nova edição do documento será apresentada no fim deste mês.
No boletim Focus desta segunda-feira, a projeção para a produção industrial também mostrou piora significativa: saiu de uma baixa de 6% para um recuo de 6,2%. Já para 2016, a mediana das estimativas foi reduzida de uma alta de 0,72% para +0,5%. Há quatro semanas, as medianas destas previsões eram de, respectivamente, -5% e +1%.
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Para a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB, a projeção dos analistas também passou por ajustes. Para 2015, subiu de 36,15%, onde estava também há quatro semanas, para 36,20% de uma semana para outra. Para 2016, a taxa caiu de 38,90% para 39,10%. Há quatro semanas, estava em 38,50%.
Projeção para Selic fica estável
A mudança das projeções do mercado financeiro para a Selic foi ainda marginal no Relatório Focus. Para este ano, as expectativas ficaram congeladas em 14,25% ao ano pela sétima semana seguida, assim como a mediana para a Selic média de 2015, que permaneceu em 13,63% ao ano pelo mesmo período.
Já para 2016, o documento divulgado há pouco pelo Banco Central, trouxe estabilidade da mediana das previsões em 12% ao ano pela terceira semana consecutiva - ante variação de 11,88% ao ano vista há quatro edições do documento. A Selic média do ano que vem, porém, foi alterada de 13,06% para 13,13%, o que embute a perspectiva de pelo menos mais uma alta ou uma permanência em um nível mais elevado que ainda não apareceu para o fechamento do ano.
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Entre os economistas que mais acertam as projeções para o rumo da taxa básica de juros, o grupo Top 5 no médio prazo, não houve mudanças: a Selic deve encerrar 2015 em 14,25% - previsão apontada já há 12 semanas, e a mediana das previsões permaneceu em 12,13% ao ano pela quinta semana consecutiva para 2016, o que denota uma divisão de opinião entre os componentes desse grupo entre um encerramento em 12,00% ou 12,25% no fechamento de ano.
Superávit comercial em 2016 segue em US$ 20 bilhões
Se o Relatório de Mercado Focus ainda mostra alguma perspectiva positiva para a economia brasileira, ela vem do setor externo e está altamente ligada à elevação contínua do dólar. De acordo com o documento, a mediana das previsões para o superávit da balança comercial de 2016 permaneceu em US$ 20 bilhões de uma semana para outra - quatro edições atrás do documento, estava em US$ 15,19 bilhões. Para 2015, o ponto central da pesquisa foi ajustado de US$ 8,90 bilhões para US$ 10 bilhões de uma semana para outra. Quatro boletins atrás, estava em US$ 8 bilhões.
No caso das previsões para a conta corrente, o mercado financeiro também fez um ajuste importante: a expectativa de um déficit de US$ 74,55 bilhões foi substituída pela previsão de um rombo menor, de US$ 73,50 bilhões. Quatro semanas atrás, a projeção era de déficit de US$ 77 bilhões. Já para 2016, a perspectiva de saldo negativo permaneceu em US$ 65 bilhões - um mês antes estava em US$ 67,45 bilhões.
A mediana das previsões para o novo Investimento Direto no País (IDP) permaneceu em US$ 65 bilhões para 2015 pela quinta semana consecutiva. Para 2016, no entanto, aumentou de US$ 63,95 bilhões para US$ 64,90 bilhões.