Seja qual for o resultado anunciado nesta sexta-feira pelo IBGE, uma coisa é certa: o Brasil entrou em recessão técnica (ao menos dois trimestres seguidos de queda de atividade econômica). O que será preciso observar com atenção é o tamanho do tombo de abril a junho e uma eventual revisão dos trimestres anteriores, mecanismo usual em institutos de pesquisa mesmo em países desenvolvidos.
O resultado dos dois últimos trimestres de 2014 escapou do vermelho por décimos. Isso significa que podem facilmente mudar de cor em caso de revisão.
Nesse caso, em vez de caracterizar uma recessão técnica, o que pode emergir dos números do IBGE é um período pouco comum na história recente do Brasil, que registra, no máximo, dois trimestre seguidos de queda (confira o gráfico abaixo). É mais um dos ciclos que caracterizam a economia.
Será uma recessão diferente da experimentada entre o final de 2008 e o início de 2009: menos aguda e possivelmente mais longa. Economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, que tem ligações com o PSDB - e essa observação só tem o sentido de mostrar que ele não tem agenda "governista" -, projeta que a queda de abril a junho será a mais profunda. É o fundo do poço?
Depende do conceito. Do ponto de vista do período mais crítico, pode ter sido. Sob o aspecto de ser o momento em que para de piorar, provavelmente ainda não.
Devem se seguir outras quedas trimestrais, o que significa que o desemprego pode se agravar, empresas seguirão enfrentando dificuldades para fechar as contas, e os consumidores, para fechar o orçamento. Mas o momento de maior perda teria passado.