Entre um risco cada vez maior e uma realidade que sacudiu o mercado financeiro da segunda maior economia do mundo, a Grécia perdeu protagonismo nesta quarta-feira como elemento desestabilizador das finanças globais. A forte queda das bolsas de Xangai e Shenzhen se sobrepôs à atribulada discussão sobre o futuro do país no euro, mas na Europa o dia foi de tensão e bate-boca em Bruxelas, onde a Grécia apresentou seu pedido para um terceiro pacote de resgate no âmbito do Mecanismo Europeu de Estabilidade.
O valor é conhecido: 50 bilhões de euros. O que ainda falta saber exatamente é que tipo de reformas o governo de Alexis Tsipras, da coalizão de esquerda Syriza, está disposto a fazer em troca da ajuda. O prazo para que o país aponte seu caminho termina nesta quinta-feira, mas a resposta final dos europeus só virá no domingo, depois de uma reunião de cúpula dos 19 países que compartilham o euro.
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Em Atenas, analistas fazem sombrias previsões sobre quanto tempo ainda vai durar o dinheiro distribuído a conta-gotas nos caixas automáticos - as agências estão fechadas há 10 dias e não há o menor sinal de que vão reabrir. Em Bruxelas, o diálogo marcado por palavras duras aumentou as apostas de que esteja em curso o temido Grexit - a saída da Grécia da zona do euro. As exigências dos líderes europeus comandados pela chanceler alemã Angela Merkel têm reforçado o discurso antigermânico de muitos gregos, que se sentem extorquidos para manter o direito a compartilhar a moeda comum.
Mas caso isso se confirme, é preciso que a zona do euro esteja preparada para não ver tão cedo a cor dos 320 bilhões de euros que o país deve, especialmente ao grupo conhecido como Troika, formado por Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional (FMI). Nesse momento em que a China sacode os mercados, ter um novo evento de turbulência não estava nos planos dos europeus. A Grécia, atualmente, representa para a zona do euro o ponto fraco do herói mitológico Aquiles. Um ferimento no calcanhar, na hora errada, pode determinar o fim de uma aparente invulnerabilidade.