O temor de que o corte da meta de superávit primário do Brasil elevasse as chances de o país perder a condição de grau de investimento quase se materializou. Primeira a conferir a condição ao país, em 2008, a agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) manteve a nota BBB- em moeda estrangeira, o último degrau antes da perda do selo de bom pagador, mas reduziu a perspectiva de neutra para negativa. Ou seja, a leitura é de que a S&P está prestes a sujar o nome do país na praça global.
Como o rebaixamento não veio agora, o país ainda tem um tempo para melhorar as suas contas. Com o susto às 13h08min desta terça-feira, a bolsa quase zerou um avanço que era superior a 2%. O dólar disparou e roçou nos R$ 3,43. Como uma montanha-russa, após o mercado digerir a notícia a Bovespa se recuperou, com alta de 1,78%, e a moeda americana arrefeceu os ganhos do dia, para R$ 3,369.
- O Brasil ganhou seis meses de respiro, salvo se acontecer algo drástico - resume André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, lembrando que a reação no mercado só não foi mais negativa porque já estava parcialmente precificada no movimento de queda da bolsa e alta do dólar dos últimos dias.
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Para André, o país ainda teria chance de evitar o rebaixamento pela S&P porque as premissas da agência para inflação em 2016 e queda do PIB para este ano, avalia, estão exageradas.
Em teleconferência após o anúncio, a S&P justificou que os riscos do Brasil aumentaram especialmente devido à hostilidade do Congresso ao governo, o que dificulta a aprovação de medidas do ajuste fiscal. A agência também explicou que, caso não confiasse na capacidade do país de dar uma virada na economia, a nota brasileira já teria mudado para grau especulativo, o que poderia gerar uma grande fuga de capitais.
Nas outras duas agências de classificação de risco, Fitch e Moody's, o Brasil tem notas dois degraus acima do limite para perder a condição de grau de investimento.