Com lucro bem acima do esperado até pelos analistas mais otimistas, a Petrobras tenta recuperar a normalidade perdida na Operação Lava-Jato. Se o resultado positivo de R$ 5,3 bilhões é um alívio, depois do prejuízo quase quatro vezes maior no ano passado, o aumento da dívida, mesmo previsto, impressiona.
O total bruto bateu em um número redondo só na matemática. Na contabilidade, é mais do que quadrado: foram R$ 400 bilhões, mais do que toda a riqueza gerada por ano no Rio Grande do Sul. E a dívida líquida (abatido do que a empresa tem a receber) de R$ 332 bilhões ficou, pela primeira vez na história, acima do patrimônio líquido, de R$ 305,7 bilhões.
Com a divulgação dos balanços auditados de 2014 e do primeiro trimestre do ano, a Petrobras deixa para trás a desconfiança quanto à exatidão dos dados. Na segunda-feira, o que os analistas vão tentar captar, na teleconferência prevista para o turno da manhã, são sinais mais tangíveis de solução para a alavancagem (tamanho do endividamento frente ao caixa).
Nesta sexta-feira, chamou atenção a promessa de "medidas que trazem bastante inovação e vão reforçar tremendamente a empresa" feita pela diretoria, com a observação de que as iniciativas ainda tem de passar pelo novo conselho de administração da estatal, agora comandado por Murilo Ferreira, da Vale. Soluções são bem-vindas, mas o excesso de criatividade pode vir a ser rejeitado pelo mercado.
O cardápio para contornar o desafio do endividamento não é muito variado: fica entre um pesado corte no investimento, uma ousada venda de ativos, um novo aumento dos combustíveis nas refinarias ou até uma nova capitalização da empresa (leia-se injeção de recursos do governo).