Apesar de não haver um surto de meningite no Estado, como garante a Secretaria Estadual da Saúde, existe uma "situação atípica", classifica a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Denise Sarti. A preocupação se originou com as três mortes, causadas por meningite bacteriana (duas crianças de Viamão, de quatro e cinco anos) e meningite viral (uma mulher de 27 anos residente em Canoas).
- A meningite é causada por vários agentes, pode ser bacteriana, pode ser viral, por fungo, asséptica... O que nos preocupa mais, em termos de saúde pública, são as meningites com potencial maior de contágio, no caso, as causadas pelo meningococo, que é uma bactéria. Ela tem uma afinidade pelas meninges, mas também pode ser uma causadora de septicemia, isto é, uma infecção generalizada, que acomete todo o organismo. Então é chamada de Doença Meningocócica. Essas crianças desenvolveram exatamente isso - reforça Denise.
Devido às mortes, pessoas que tiveram contato mais próximo com as vítimas passaram por quimioprofilaxia, isto é, foram tratadas com antibióticos. As crianças, que morreram em 12 e 30 de março, tiveram Doença Meningocócia do tipo B, contra a qual não há vacina. Já a mulher de 27 anos, morta em 7 de janeiro, teria alguma deficiência de imunidade, e a meningite viral se transformou em encefalite.
Segundo Denise, adultos podem portar o meningococo na orofaringe (parte da garganta logo atrás da boca) sem apresentar sintomas. As secreções desses portadores, se chegarem a crianças ou a pessoas com deficiência de imunidade (os alvos mais frágeis), podem transmitir a doença. Por isso, o mais importante é prevenir com higiene.
Confira as principais questões sobre a meningite:
O que é a meningite?
É a inflamação das meninges, membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal.
Qual a diferença entre os tipos de meningite?
A meningite pode ser causada por vários agentes, como bactérias e vírus. Entre as meningites bacterianas, a Doença Meningocócica é a mais perigosa. A Doença Meningocócica é causada por uma bactéria que possui diversos sorogrupos, os mais frequentes deles A, B, C, Y e W. O mais comum na Região Sul é o tipo C. Já o mais perigoso é o B, contra o qual não existe vacina.
Como ocorre a transmissão?
Pelo contato direto pessoa a pessoa, por meio de secreções respiratórias.
Qual o tratamento para cada um?
No caso da meningite viral, são usados medicamentos antitérmicos e analgésicos e mantida a hidratação do paciente. Na bacteriana por meningococo, a penicilina cristalina é recomendada pelo Ministério da Saúde, mas é eficiente nas meninges, não eliminando a bactéria das secreções. A Secretaria Estadual da Saúde recomenda também o antibiótico Ceftriaxone, que realiza uma eliminação mais completa da bactéria.
Quem deve ser vacinado?
Crianças de três e cinco meses são vacinadas no Estado para o tipo C, com reforço. Não há vacina contra o tipo B.
Quais os riscos da doença?
Pessoas fragilizadas ou crianças cujo organismo não está totalmente formado correm risco de morrer. Também pode deixar sequelas, como surdez, dificuldade de aprendizagem e comprometimento cerebral.
Por que em algumas pessoas a bactéria não se restringe às meninges e avança pelo organismo?
A medicina ainda não descobriu por que isso acontece.
Onde e quando há casos no Estado?
Não há um local específico, os casos ocorrem em todas as regiões. Já a época mais propícia para transmissão é o inverno.
Há um número de casos fora do comum no Estado?
Não é um número incomum, mas a letalidade da Doença Meningocócica, sim, está atípica por ter levado à morte dois dos três pacientes registrados até o momento neste ano.
Quando foi a última vez que tivemos um surto no Brasil?
Entre 1972 e 1974.
Quais são os grupos de maior risco?
Crianças com menos de cinco anos e pessoas com baixa imunidade.
Quais os sintomas?
Dor de cabeça, febre, vômitos em jato e rigidez de nuca. As crianças muito pequenas podem apresentar prostração ou irritabilidade.
Quais as medidas de prevenção?
Higienização das mãos e do ambiente, ventilação do ambiente e cuidado com os alimentos.