Praticamente sem serem abastecidos desde a segunda-feira da semana passada, os terminais de grãos e contêineres do Porto de Rio Grande voltaram na terça-feira à tarde a receber caminhões, sinalizando para o arrefecimento da mobilização da categoria.
A dificuldade na chegada das cargas causou transtornos principalmente para as empresas que embarcam produtos agrícolas e para quem esperava mercadorias importadas. A expectativa é que a situação ainda possa levar até uma semana para se normalizar.
- Nesta época costumamos receber até 400 caminhões por dia, mas não estava chegando praticamente nada - relata Jose Antonio Mattos da Silva, gerente dos terminais Termasa e Tergrasa, ligados a cooperativas gaúchas.
Devido à falta de grãos, até terça seis navios estavam parados esperando para atracar e carregar soja, milho, trigo e arroz. Mesmo que a situação comece a se normalizar, a expectativa é que os reflexos do movimento dos caminhoneiros ainda atrapalhem a operação de mais duas embarcações programadas para chegar nos próximos dias devido ao atraso na entrega dos grãos.
A permanência de navios no porto por um período superior ao contratado para as operações de embarque tende a gerar uma multa para os exportadores. Para graneleiros, é de US$ 15 mil a US$ 25 mil por dia, estima o presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli.
No Terminal de Contêineres (Tecon), os problemas só não foram maiores porque, durante o período dos protestos, quando cargas novas não chegavam a Rio Grande, eram embarcadas mercadorias que estavam no estoque, que em regra dura cerca de 15 dias.
- Nenhum navio precisou esperar, mas já estávamos com pouca carga no pátio. O normal é chegar e sair cerca de 500 caminhões e o movimento era zero - diz Romildo Boldan, diretor de operações do Tecon de Rio Grande, admitindo que, caso os protestos perdurassem, cresceriam chances de atrasos no embarques.
O maior transtorno, avalia Boldan, foi para importadores, que acabaram não recebendo as mercadorias. No local onde ficam os produtos vindo do Exterior, havia nesta terça-feira 3 mil contêineres, o dobro do normal.
Os trens, que poderiam ser opção às estradas, também foram afetados porque a alimentação dos terminais ferroviários é feita por caminhões.