Terceira maior empreiteira do Brasil no Ranking da Engenharia Brasileira, a OAS confirmou ontem o esperado pedido de recuperação judicial para dívidas de R$ 8 bilhões. Ficam fora da proteção contra cobranças de credores outros R$ 1,2 bilhão. Em 2013, dado mais recente disponível, a receita bruta da OAS era de R$ 5,13 bilhões. Diante desses números, a expectativa de especialistas que a recuperação chegue a bom termo é baixa.
- O faturamento é alto, mas a dívida é maior ainda. Isso depõe contra a saúde da empresa - observa Ricardo Medina, advogado especialista em construção e infraestrutura do escritório L.O. Baptista-SVMFA.
Ainda que saia bem do processo, será muito menor, concentrada em construção pesada. Pôs à venda participações em seis empresas. Quem conhece o grupo pondera que estava "muito alavancado" (excesso de dívidas em relação ao que ganhava). E como é a segunda construtora envolvida na Operação Lava-Jato a pedir recuperação judicial - a Galvão Engenharia fez o mesmo na semana passada -, eleva o risco do setor.
- Não é que a insolvência esteja batendo às portas, já entrou dentro de casa - observa Medina.
O advogado lembra que a Lava-Jato foi um "gatilho". Desencadeou mais dificuldades porque os bancos passaram a evitar a renovação de financiamentos. E clientes hesitaram em recorrer aos serviços da companhia. O problema das grandes construtoras, pondera, pode contaminar as médias, que costumam ser subcontratadas.
Essa preocupação é partilhada pelo empresário gaúcho do segmento Humberto Busnello, que chama atenção para o fato de haver 23 empresas em situação semelhante - umas um pouco melhor, outras nem tanto. Busnello observa que um dos maiores impactos é sobre o mercado de trabalho - de operários a engenheiros, passando por executivos e gestores. Mas pondera que também há oportunidade para empresas menores e bem estruturadas, com "processo de gestão muito firme", que vão ocupando mercado.
E ambos destacam que começa a se cumprir a previsão de abertura do mercado nacional para estrangeiras. Uma das formas de entrada no país seria por meio da compra de empresas inteiras ou grossas fatias de participação. Medina relata que algumas negociações estão "em andamento", com possibilidade de concretização até o final do ano.