Monumento ao mau planejamento do setor elétrico há muitos governos, a termelétrica de Uruguaiana pode ser ressuscitada nesta crise de abastecimento. Maior usina térmica do Estado, a instalação de 639 megawatts não funciona de forma contínua desde abril de 2009 e tem destino incerto.
A questão é que o gás para abastecer a usina só chega por um duto conectado à Argentina, que também tem escassez de energia. Dona da usina, a AES Brasil afirma que a estrutura está pronta para operar, mas ainda não sabe quando - e se - será religada. O suprimento depende de negociação bilateral. Sem detalhar, o Ministério de Minas e Energia informa que "estão sendo realizadas as tratativas necessárias".
A curto prazo, a situação é complexa, mas os dias de ociosidade da térmica podem estar contados. O especialista em energia João Luiz Zuñeda lembra que até investidores americanos - a despeito dos problemas da Argentina - estão interessados em investir em Vaca Muerta.
Não é um chiste de mau gosto, é o nome de uma área considerada a segunda maior do mundo em potencial de shale gas - por aqui chamado gás de xisto, embora não seja exatamente isso. A área, na província de Neuquén, é quase do tamanho da Bélgica, e teria, conforme estimativas de agências americanas, potencial de 16,2 bilhões de barril de óleo e 8,72 trilhões de metros cúbicos de gás. Seria o suficiente para abastecer a Argentina por 150 anos.