A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, e cinco diretores da empresa renunciaram ao cargo nesta quarta-feira. O Conselho de Administração da companhia se reúne da próxima sexta-feira para a escolha dos novos executivos que ficaram no comando da companhia.
A informação foi confirmada pela Bovespa em comunicado ao mercado. Em uma solicitação, a Bovespa pediu esclarecimentos à Petrobras sobre notícias publicadas na imprensa sobre o fato de que o Palácio do Planalto já havia informado à presidente da Petrobras, Graça Foster, de que ela seria substituída no cargo.
"Solicitamos esclarecimentos, o mais breve possível, considerando o comportamento das ações no pregão de hoje, diante das informações do afastamento da cúpula da Petrobras", dizia o questionamento da Bovespa.
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Em resposta, a Petrobras informou, em nota, à Bolsa de Valores de São Paulo: "Em resposta a esta solicitação, a Petrobras informa que seu Conselho de Administração se reunirá na próxima sexta-feira, dia 06.02.2015, para eleger nova Diretoria face à renúncia da Presidente e de cinco Diretores".
Dilma conversou com Graça durante três horas na terça-feira, no Palácio do Planalto, e comunicou a decisão de mudar toda a diretoria da Petrobras.
A saída repercutiu positivamente no Senado. Governistas e oposicionistas consideram que a renúncia do comando da empresa era necessária diante da falta de condições políticas geradas pela crise.
- Acho que, de fato, não havia mais condições políticas, gerenciais, de credibilidade empresarial para manutenção da atual diretoria da Petrobras - declarou o líder do PT, senador Humberto Costa (PE).
Segundo Costa, a mudança vem "num bom momento" e deverá contribuir para a retomada da credibilidade da empresa. Também apostando na retomada da confiabilidade, o senador Valdir Raupp (PMDB-RR) acredita que as mudanças eram necessárias e permitirão que as ações da empresa continuem subindo. Na terça-feira passada, após os rumores da saída de Graça Foster, as ações da Petrobras subiram aproximadamente 15%.
A renúncia coletiva também ganhou destaque na imprensa internacional. A troca ganhou espaço na capa das edições online dos principais jornais internacionais. O New York Times informou que a renúncia ocorreu após meses de especulações nos meios político e empresarial sobre a saída de Graça, geradas depois da divulgação do esquema de corrupção dentro da Petrobras. "A petrolífera perdeu bilhões em valor de mercado no ano passado com notícias sobre a extensão do esquema de corrupção", destacou o jornal.
O inglês Financial Times, considerado um dos mais influentes na área econômica, ressalta que a renúncia foi divulgada um dia depois de Graça Foster ter se reunido com a presidenta Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, e cita que o Conselho de Administração da empresa se reunirá na sexta para anunciar os substitutos.
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Aproveitando a repercussão do caso, representantes do PSDB do Senado começaram a coletar assinaturas para a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras no Congresso. Na terça passada, a oposição apresentou o mesmo requerimento na Câmara dos Deputados, e a expectativa é de que o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), autorize na quinta-feira a instalação da CPI.
A oposição recolheu inicialmente sete assinaturas de senadores. São necessários mais 20 apoios para que os senadores se juntem aos deputados e pleiteiem uma comissão mista no Congresso. Na Câmara, foram conferidas 182 assinaturas, 11 a mais que o exigido pelo regimento.
Como o clima na Câmara vem se mostrando mais hostil aos interesses do Palácio do Planalto, alguns líderes oposicionistas já avaliam a possibilidade de levar adiante só a CPI dos deputados. Os senadores, no entanto, não gostariam de ficar de fora das investigações no Congresso.
- Vamos coletar as assinaturas e sentar com eles (deputados) para conversar -declarou o senador Aécio Neves (MG).