Tarifas tão altas que fazem o consumo cair até no verão, desequilíbrio nas finanças mesmo com reajustes pesados para os clientes, estreia de um complicador - o sistema de bandeiras - nas contas e, de quebra, a dificuldade do governo federal em equacionar um novo socorro até o final de fevereiro. São tantas as pontas desencapadas no setor elétrico que o risco de choques só cresce.
Governo deve aumentar conta de luz para sanar dívida de distribuidoras de energia elétrica
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Nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou o adiamento para o final do mês do prazo de pagamento de uma conta ao redor de R$ 1,6 bilhão que venceria nesta terça-feira. A projeção é de que há mais R$ 900 milhões a quitar no próximo mês - um total pendurado de R$ 2,5 bilhões. E isso só para zerar as pendências de 2014, lembra Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, conhecido observatório do setor elétrico. Em valores, a situação não deve piorar, mas isso vai depender muito do volume de chuva nesse período de cheia no Sudeste e Centro-Oeste.
- A situação é de muito desconforto - observa Sales, diplomático. - Em algum momento, será preciso discutir a necessidade de fazer ou não um racionamento, com redução de consumo e de oferta.
Conforme o especialista, apesar de tempestades violentas e localizadas, os primeiros dias de janeiro acumulam chuva equivalente à metade da média histórica. Não há mágica nem soluções de curto prazo à vista. E a população, que poderia adotar medidas de consumo racional, está "muito mal informada" sobre a real situação do abastecimento, na avaliação do executivo. Então, agora é uma equação simples: ou chove, ou as luzes se apagam.
- É urgente enfrentar questões estruturais - pondera Sales.
As térmicas estão operando perto da capacidade máxima, e o sistema não têm mais como suportar aumentos de demanda. E não há geração nova para acionar logo. Rezar para São Pedro, a essa altura, parece independer de credo.