Bem antes de se tornar um dos símbolos da crise internacional de 2008, a Irlanda viveu um período de prosperidade na década de 1990 que lembra bastante o ritmo de algumas economias asiáticas - desempenho que lhe rendeu o apelido de Tigre Celta. Segundo John Bruton, premiê que esteve no comando do país entre 1994 e 1997 e falou no primeiro dia de palestras do 27° Fórum da Liberdade - iniciado nesta segunda-feira -, para fazer a economia crescer, é preciso que os governantes estejam dispostos a tomar decisões, algumas vezes, impopulares.
Bruton foi primeiro-ministro da Irlanda entre 1994 e 1997, quando o país cresceu a taxas médias de 8,7% ano, chegando a 11,17% em 1997. Conduziu o acordo com a Irlanda do Norte e ajudou a formalizar o Pacto de Estabilidade e Crescimento da União Europeia, que rege a gestão do euro.
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O ex-premiê irlandês citou a abertura aos mercados externos como uma das medidas impopulares que precisou adotar para garantir mais crescimento.
- Empregados de companhias que eram protegidas por políticas protecionistas que taxavam produtos vindos de fora perderam seus empregos. Foi um fator que impactou na popularidade de governo. Mas precisávamos daquilo para nos inserir em um mundo globalizado. Não fosse essa decisão não teríamos atraído tantos investidores estrangeiros - afirmou.
Bruton disse que, apesar da Irlanda viver hoje um período de estabilidade nos preços, o país também enfrentou períodos de inflação elevada. Disse que não considera os atuais índices de inflação brasileira - em torno de 6%- muito altos, mas que preocupa.
- Um dos problemas da inflação brasileira é que está indexada a previdência e as aposentadorias. Algo difícil de segurar. Tentamos congelar os preços lá também. Uma receita que hoje, todos sabemos, que não dá certo. É atacar os sintomas e não a causa. É um desafio para todos governantes- disse.