Com os insucessos recentes do país, depois de anos de euforia que parece agora ter sido passageira, brasileiros voltaram a pensar em uma saída para os problemas: o aeroporto, um caminho para realizar sonhos longe daqui. Mas outra parcela quer é arregaçar as mangas, trabalhar, cobrar mudanças urgentes dos políticos, agir de forma contundente contra a corrupção e a insegurança e exigir prioridade ao que pode mudar a nação, como a educação.
Sentimentos que ficaram claros nesta terça-feira em debate na Amcham, na Capital, da qual participaram o diretor da Ativa, Ricardo Silveira, o economista Igor Morais e a diretora da revista Voto, Karim Miskulin, quando também ficou evidente a preocupação com a Copa, não só com os protestos, mas com as obras inacabadas e as previsões que se mostraram exageradas dos ganhos para a economia como um todo.
- Apesar de termos vivenciado o melhor janeiro e fevereiro de nossos 38 anos, só fomos procurados por uma empresa (Calvin Klein) para ações na Copa. É o medo dos black blocks, ruim para os anunciantes, que têm seus equipamentos com mais fácil acesso nos protestos. O momento é tenso, mas esperamos que a situação melhore em maio, junho e julho. Se o Brasil ganhar, o movimento continuará pelo resto do ano. Se perdermos, a possibilidade de uma queda brutal no faturamento é real - prevê Silveira.
Morais não está surpreso com as mazelas da economia, embora entenda que as pessoas se sintam "enganadas, decepcionadas". Afinal, lembra, desde 1994, ano do real, a alta média do PIB é de 3%. Mas, como o "dever de casa" deixou de ser feito, e o "Brasil passou a nadar de braçadas com as notícias boas, como Copa e pré-sal", a crise pegou o país, e o Plano Real entrou em derrocada.
- O Brasil precisa é de trabalho, não de uma política baseada no incentivo ao consumo. O superávit foi destruído, o câmbio não é flutuante e o gasto público, cada vez maior. Dilma não tem medo de nada, mas tem da inflação, o que poderá exigir medidas impopulares. Mais do que este ano, o que me preocupa mesmo é a situação do Brasil em 2015 - disse o economista.