Uma das questões mais faladas nos últimos dias é a do fenômeno conhecido como rolezinhos, encontros marcados pela internet que reúnem grande quantidade de jovens da periferia. Escutei de uma menina dia desses: "as pessoas ficaram tristes quando o Mandela morreu, mas, agora, são contra os rolezinhos". E fiquei pensando: contradição evidente, um preconceito, enquanto lia que a Capital pode ter o seu rolezinho no final de semana.
Por que barrar a entrada dos jovens nos shoppings? São pobres, negros? Não têm dinheiro para gastar? Talvez o máximo que consumam seja um lanche e olhe lá, embora exista a informação de que eles também gastam um bocado. Se fossem brancos, haveria protestos?
Talvez o preconceito contra esses jovens esteja ligado a atos recentes - lembrança de manifestações do meio do ano passado que, em alguns casos, descambaram para a violência, e algumas interpretações erradas da imprensa, que qualificou os rolezinhos como arrastões. Sem bagunça, depredações, por qual razão condená-los? Embora propriedades privadas, os shoppings não podem barrar quem entra ou não só com base em critérios subjetivos.
No fundo, é o Brasil de sempre, infelizmente. De muita desigualdade, agravada pelo infame preconceito de classe e racial. Um preconceito que a classe média finge que não vê e essa desigualdade que a gente finge não existir, como alertou, com razão, um antropólogo ao analisar o caso.