Prepare-se para mais uma mordida que já ronda o seu 13º salário. As mensalidades de colégios e universidades particulares devem ser reajustadas em torno de 8,5% no próximo ano - mais de dois pontos percentuais acima da inflação esperada para 2013.
O índice foi apresentado ontem pelo Sindicato do Ensino Privado (Sinepe-RS) como uma prévia para 2014. Pode haver oscilações, para baixo ou para cima, porque boa parte dos educandários ainda não fixou o percentual. O presidente da entidade, Bruno Eizerik, diz que a estimativa resultou de uma consulta, por amostragem, a cem instituições gaúchas.
- Não é um índice do Sinepe, mas uma sinalização média dos colégios - observa Eizerik.
ZH pesquisou os 10 maiores colégios particulares em número de alunos do Estado. Apenas um já definiu o reajuste, que ficará em 8%. Entre 10 das principais faculdades privadas, quatro já aprovaram os aumentos, entre 6,07% e 8,5%.
Mensalidades acima da inflação se tornaram rotina. O coordenador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) em Porto Alegre, Marcio Fernando Mendes da Silva, diz que as anuidades subiram 41,35% desde 2009. Já o Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S), da FGV, que afere a inflação na Capital, ficou em 29,72% no mesmo período.
O presidente do Sinepe esclarece que as mensalidades são calculadas com base na planilha de custos dos educandários, considerando-se investimentos e despesas. Eizerik diz que os reajustes devem ser tratados em consonância com a comunidade. Pais e alunos precisam saber os motivos e conferir as melhorias nas escolas.
O jeito é se preparar. O educador financeiro Wilson Marchionatti, coordenador do Laboratório de Mercado de Capitais da PUCRS, diz que as despesas com educação vão drenar cada vez mais o orçamento doméstico.
- Mesmo que as famílias mantenham o mesmo nível educacional, o comprometimento da renda irá aumentar - previne Marchionatti.
Para o especialista, não convém reduzir os gastos com educação, os quais considera investimentos. Lembra que é justamente a instrução que pode garantir melhores empregos no futuro.
Reajuste de professor ficou abaixo
Os professores reclamam que os reajustes das mensalidades escolares não vêm sendo repassados aos salários em igual proporção, nos últimos 20 anos. O diretor do Sindicato dos Professores do Ensino Privado (Sinpro-RS), Marcos Fuhr, destaca que colégios e universidades estão priorizando a "estética e a segurança" dos prédios.
Fuhr entende que a infraestrutura deve ser valorizada, mas não à custa dos salários dos trabalhadores em educação, que receberam reajuste de 7% neste ano. Admite que não houve cortes, mas lamenta que a remuneração mal acompanha a inflação, enquanto os pais e alunos pagam a mais para ampliar o patrimônio dos estabelecimentos.
- Nas nossas negociações coletivas, temos denunciado isso - lembra o dirigente do Sinpro-RS.
Representantes de associações de pais e mestres foram procurados para se manifestar sobre o anunciado reajuste médio de 8,5% nas mensalidades. No entanto, preferiram não opinar, por enquanto, porque seus colégios ainda não definiram o percentual. Por lei, os educandários têm prazo de 45 dias, a contar do início das matrículas, para apresentar o índice de aumento. A tendência é que a maioria se pronuncie até o final do mês, quando também começam as matrículas antecipadas para 2014.
Alguns estabelecimentos de ensino oferecem descontos para a antecipação da matrícula. Especialistas em finanças pessoais lembram que pagamento pode ser feito usando parte do 13º salário, assim como se faz em relação ao IPTU e ao IPVA no início do ano.
Como é o cálculo
Cada colégio ou universidade calcula o reajuste da mensalidade de acordo com a planilha de custos e investimentos e ainda leva alguns pontos em conta:
_ Reajustes salariais concedidos a professores e funcionários.
_ Obras e ampliações nos prédios. Melhorias nas salas de aula, áreas de convivência como bar, jardins e sala de estar, e quadras para realização de atividades esportivas.
_ Investimentos nas bibliotecas, nos laboratórios, na aquisição de computadores e outros instrumentos.
_ Despesas com água, luz, telefone e internet.
_ Melhorias no sistema de segurança como a instalação de câmeras e outros dispositivos eletrônicos.