Um consórcio e apenas o valor mínimo. Não foi muito diferente do esperado o resultado do primeiro leilão no pré-sal sob as novas regras definidas pela União. Com potencial estimado de até 12 bilhões de barris de petróleo, a área na Bacia de Santos foi vendida ao consórcio formado por Petrobras, as chinesas CNOOC e CNPC, a francesa Total e a anglo-holandesa Shell com proposta de pagamento de 41,65% do lucro em óleo, o índice mínimo exigido no edital da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
Se não teve lá grande concorrência, o que era já previsto nos últimos dias, houve a participação de grandes empresas internacionais no resultado final. E alguns medos que os brasileiros tinham antes do leilão, devem agora cair por terra. A Petrobras continua predominante: 10% no consórcio e mais 30% obrigatórios a que já tinha direito anteriormente. Só não toca sozinha o projeto, pois, sabe-se, tem dificuldades de caixa para financiar as altas somas exigidas. E o temor do domínio dos chineses não ocorreu. As companhias de petróleo daquele país terão, ao todo, 20% de participação no consórcio para explorar as gigantescas jazidas em águas ultraprofundas descobertas a partir de 2007.
Agora, as empresas integrantes do consórcio que vai explorar Libra pagarão um bônus de R$ 15 bilhões e se comprometerão a um conteúdo local mínimo de bens e serviços. Um ponto importante, com certeza. Basta ver como se desenvolveu a indústria naval para atender encomendas da Petrobras nos últimos anos com a exigência de conteúdo nacional em seus projetos.
Por enquanto, claro, há "chute" para todos os lados. Especialistas projetam investimentos na casa de até trilhões de reais. É bom esperar mais um pouco para se ter ideia do valor que Libra, com capacidade para quase dobrar a produção atual de petróleo no Brasil, exigirá no futuro. De qualquer maneira, não será nada pequeno, levando em conta os efeitos diretos na cadeia produtiva de petróleo e gás, impactos indiretos em outros segmentos da economia e os incentivados pelo aumento da renda dos trabalhadores.
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, por exemplo, destacou que o fato de a Petrobras ser a operadora garante à indústria nacional o fornecimento de equipamentos para a exploração e as pesquisas a cargo das universidades brasileiras, "este conhecimento é um patrimônio que fica com uma empresa nacional". E mais e nem menos importante, ao contrário. Em mãos da União, o dinheiro do petróleo do pré-sal está garantido para a educação (75%) e a saúde (25%). Seriam, mostra estudo da ANP, R$ 300 bilhões em pagamento de royalties durante os próximos 35 anos.
Dinheiro que há muito tempo o país exige para ser o nosso diferencial no desenvolvimento. Com razão.