Rodrigo Thudium, Eduardo Molinari e Vinicius Aguinsky costumam usar o Tinder para facilitar o diálogo na hora da conquista.
Foto: Carlos Macedo
A lógica é simples: você só conhece as pessoas que querem lhe conhecer. De match em match (o termo usado para as combinações feitas pelo app), o Tinder virou o queridinho de quem quer descobrir gente nova. Engana-se quem acha que o serviço é mais um site de relacionamento qualquer. O aplicativo é tão descolado quanto seu público, que já passa mais de uma hora por dia navegando por perfis pessoais de mulheres e homens à espera da famosa mensagem: Its a match! Quando isso acontece, é meio caminho andado para a conquista.
>>> Opinine: você toparia marcar um encontro com um pretendente que conheceu pelo Tinder?
Foi-se o tempo em que era preciso ficar na frente do computador, em casa, sozinho, para procurar paquera na internet. Graças à tecnologia móvel, isso já é coisa de outras décadas. Hoje, a possibilidade de achar uma paquera vai aonde você quiser. E ficou muito mais fácil e recíproca.
O aplicativo mais baixado para gadgets da Apple este mês comprova a vontade das pessoas de se conhecerem e se sentirem seguras para a primeira chegada. Baseado na localização de cada usuário, o Tinder, app para Android e iOS, funciona como um catálogo de encontros. Depois de fazer login com o perfil no Facebook, o aplicativo mostra quem está no mesmo raio de distância. Ao navegar pelos perfis (para homens e mulheres), há duas possíveis escolhas: apertar o botão do coração, a ação para demonstrar interesse, ou o X, que descarta a pessoa. Se há interesse mútuo, quando duas pessoas concordam que querem se conhecer, a função de bate-papo aparece na tela.
Segundo o próprio Tinder, o Brasil já é um dos cinco países que mais utilizam o app e o número de usuários por aqui cresce de 5% a 10% por dia. São Paulo e Rio de Janeiro são as cidades com maior número de adeptos. O tempo de uso também surpreende. Em média, cada usuário entra 11 vezes por dia no aplicativo e passa sete minutos em cada vez.
- É possível ter uma ideia sobre a pessoa antes de se aproximar - diz o empresário Eduardo Molinari, 26 anos, que aprova o mecanismo de encontro e vê uma chance de conhecer mais meninas pelo app.
- Estou curiosa pra ver como vai funcionar em uma festa! Com a geolocalização, vai dar para marcar um encontro com alguém por meio do app na mesma hora - conta a relações públicas Camila Pizzato, 27 anos.
Para Eduardo Bianchi, que se dedica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) ao estudo de aplicativos, apps como o Tinder possibilitam que as pessoas tenham relações diferentes com a cidade.
- Os aplicativos tentam recriar a própria cidade a partir dos hábitos sociais de cada um - comenta.
Pamela Quiroz, professora de Sociologia da Universidade de Illinois, em Chicago, que pesquisa sites de relacionamentos desde a década de 1990, relata:
- Antes, era totalmente segredo e excepcional usar um serviço para encontrar paquera. Hoje, é mais normal, como se fosse uma outra maneira qualquer de conhecer pessoas. Quando comecei meus estudos, as pessoas que entravam em sites para conhecer outros solteiros tinham mais de 25 anos. Hoje, a faixa se expandiu.
Para Juliana e Luís, funcionou
Juliana Guidini Camargo, 23 anos, e Luís Felipe Bottin, 26, estão de bem com a vida. Os sorrisos comprovam o que muitos usuários do aplicativo ainda querem saber: será que o Tinder funciona mesmo?
Eles já se conheciam da universidade, mas até o "Its a Match!" brilhar na tela dos smartphones de ambos avisando que o interesse era recíproco, a dupla se contentava com conversas casuais pelos corredores da faculdade:
- Antes da Ju me adicionar eu já tentava me aproximar e nunca conseguia... Até que um dia ela deu uma escorregadinha e deu um like pra mim no Tinder - conta Felipe.
Depois disso, a paquera deslanchou. Combinaram de se encontrar e foram fazer um passeio para aproveitar a tarde de sol de inverno.
- O Lipe me convidou para andar de jet sky no meio da semana, quando fez muito calor em Porto Alegre. Ele foi me buscar, pela água, para a gente passear pelo Guaíba. Eu nunca tinha andado e foi mesmo incrível, eu amei. Aquilo me encheu de energia - conta Juliana, empolgada ao lembrar da aventura.
Hoje eles se falam durante todo o dia. Quando estão com os amigos, o aplicativo tem sido o assunto principal entre os solteiros. Juliana dá a dica para quem quer conhecer alguém:
- Se tu curtes a pessoa e ela também te curte, vai abrir um bate-papo e vocês vão ter de trocar uma ideia. Se não acontecer isso, paciência, né?
Felipe completa o recado:
- Usem o app, é muito bom, é até mais do que meio caminho andado. Depois de dar o coração para a pessoa, é só esperar e ver o que acontece. Se não fosse pelo Tinder, a gente não estaria vivendo isso na vida real. A tecnologia deu um empurrãozinho nessa história.
>>> Em ZHTV, saiba como usar o app:
"O Tinder é o que você faz dele", diz co-fundador do aplicativo
Aos 27 anos, o americano Justin Mateen viu o aplicativo que criou com o amigo Sean Rad decolar nos downloads da App Store e Google Play. Embora o serviço seja mais usado no Brasil para paquera, ele conta que o objetivo do Tinder não se restringe apenas a unir casais.
Zero Hora - É verdade que você conheceu sua namorada por meio do Tinder?
Justin Mateen - Bem, eu conhecia ela antes, mas não tive a oportunidade de falar com ela. Eu me conectei com ela pelo Tinder, sim.
ZH - O aplicativo no Brasil é muito usado para paquera...
Mateen - O objetivo do Tinder é descobrir novas pessoas, e não só para relacionamentos amorosos. Já fazemos 2 milhões de matches no mundo inteiro, e o que as pessoas querem fazer desses relacionamentos e dessas introduções depende apenas delas. O Tinder não é um aplicativo para pegação, mas esse é o primeiro tipo de uso que vem à cabeça delas. Mas ouvimos histórias todos os dias de pessoas que encontraram colegas de quarto e parceiros para atividades esportivas. Mesmo assim, mais de cem pedidos de casamentos já foram feitos por causa do Tinder.
ZH - O Tinder, no futuro, pode ser usado como rede de negócios?
Mateen - Com o desenvolvimento do produto, quando chegar a hora certa, vamos tornar mais fácil para pessoas se conhecerem no contexto de negócios, sim.
ZH - Há uma quantidade grande de redes sociais. Uma delas é o Facebook, difícil de competir. Quando você fundou o Tinder, a ideia era se diferenciar de tudo que já existia à época?
Mateen - O Facebook faz um trabalho maravilhoso para ajudar você a se conectar com o grupo de amigos. O que queremos fazer é dedicar um serviço para que as pessoas comecem novos relacionamentos. Pode ser até com alguém que já conhece, mas nunca teve a oportunidade de conversar. E tudo isso é com tecnologia móvel, não existe um site.
O que esperar do app?
- Por causa do GPS: é possível encontrar pessoas que frequentam os mesmos lugares e levam um estilo de vida parecido com o seu.
- Conexão com o Facebook: mostra quando os usuários têm interesses e amigos em comum, o que torna as informações um pouco mais confiáveis. É possível pedir referências para os amigos da pessoa e saber um pouco mais sobre ela.
- Não existe rejeição: se você curtir alguém que não curte de volta, a pessoa nunca ficará sabendo da sua investida.
- Não é dedo duro: o app não revela no Facebook as interações do usuário.
- Ponto fraco: o chat tem defeitos, trava e atrasa o recebimento das mensagens. Mas, quando o assunto é bom, a conversa pode evoluir para SMS, WhatsApp e outras redes sociais.
- Exposição: ninguém está livre de parar em páginas de humor por causa da foto do perfil, como é o caso dos Tumblrs que expõem as imagens mais peculiares. No Brasil, o "Não Sabe Usar o Tinder" viralizou ao exibir fotos de usuários que foram rejeitados no Tinder por causa do seu avatar.
- Caiu na rede: o Tinder Rejection brinca com os motivos pelos quais as pessoas receberam um não.
>>> Confira relatos de quem já usa o Tinder: