A Telexfree não é a única empresa de venda direta suspeita de utilizar o modelo de negócio para esconder um esquema de pirâmide financeira. Pelo menos outras cinco empresas são alvo de algum tipo de investigação iniciada por ministérios públicos de diferentes Estados nos últimos meses. Na sexta-feira, o MP do Rio Grande do Norte instaurou inquérito civil para investigar a empresa Cidiz, que tem sede em Recife e atua na venda de peças de vestuário, calçados e acessórios.
"A Cidiz repudia qualquer prática ilegal e desde já se coloca à inteira disposição das autoridades competentes para quaisquer esclarecimentos", afirmou a companhia em nota.
Outras quatro empresas também serão investigadas pelo órgão: BBom, NNex, Multiclick e Priples. Todas utilizam marketing de rede para promover vendas. De acordo com Murilo de Moraes e Miranda, presidente da Associação do Ministério Público do Consumidor (MPCon), que atua no MP de
Goiás, duas empresas também estão sendo investigadas. O promotor preferiu não revelar nomes.
No passado, o modelo de negócio de outras empresas que atuam com marketing de rede foi tema de análise no Brasil e no Exterior. A Amway, que vende produtos de higiene e limpeza, foi investigada pela Federal Trade Commission (FTC), órgão americano com atuação similar ao Procon brasileiro. A conclusão foi que se tratava de um sistema legal de venda de produtos. No Brasil, a empresa Dinastia, que atua no mercado de seguros, foi alvo de investigação do MP do Rio Grande do Sul, mas o caso foi arquivado em dezembro de 2009 após conclusão de que o modelo de atuação não configurava sistema de pirâmide financeira.
- A investigação é importante porque diferencia os empresários idôneos dos picaretas. Tem muita gente atuando no setor de má-fé. É algo que todo mundo sabe. Nós não recrutamos pessoas pela internet e somos fiscalizados pela Superintendência de Seguros Privados - afirma o diretor-geral da Dinastia, Dilso Santos.
Fique atento
Cuidado com promessas de retorno alto e baixo risco
1- Investigue antes de investir: A informação é a primeira linha de defesa contra golpes financeiros. A formação do investidor é uma atividade permanente. Procure conhecer o mercado antes de investir.
2 - Desconfie de promessas de retornos muito altos com baixo risco: Rentabilidade e risco costumam andar de mãos dadas. Se é bom demais para ser verdade, provavelmente não é.
3 - Baseie sua decisão em questões objetivas: Golpistas são normalmente pessoas simpáticas e que estão habituadas a mentir, por isso, tenha espírito crítico.
4 - Tenha certeza de que entendeu os riscos: As características do investimento devem estar claras.
5 - Decida com calma: Desconfie de oportunidades apresentadas como imperdíveis que exigem, por qualquer motivo, uma decisão imediata. Se você não consegue explicar as principais características do investimento escolhido, é porque não entendeu a proposta.
Fonte: CVM
Empresas em investigação
- Priples - Espaços publicitários na internet
- Bbom - Sistema de monitoramento de veículos
- Cidiz - Peças de vestuário, calçados e acessórios
- NNex - Cupom eletrônico que possibilita usufruir dos produtos e serviços da NNex e de seus parceiros
Quanto mais pessoas envolvidas na pirâmide, maiores são as perdas
Pirâmide de Madoff
Prejuízo de US$ 63 bilhões
- O esquema, que ruiu no cambaleante mercado financeiro americano no final de 2008, é considerado uma das maiores fraudes da história. Foram mais de 3 milhões de investidores prejudicados ao redor do mundo. A empresa de Madoff prometia rendimentos de 10% a 12% ao ano, mas em vez de investir as aplicações, usava o dinheiro dos novos investidores para pagar rendimentos aos mais antigos.
Fazendas Reunidas Boi Gordo Prejuízo de R$ 2,5 bilhões
- Oferecia possibilidade de ganhos de 38% ao ano, enquanto a engorda de bois rende 10%, em 18 meses. Conforme o Instituto Nacional de Defesa do Consumidor do Sistema Financeiro, o prejuízo atingiu 30 mil clientes.
Avestruz Master
Prejuízo de US$ 1 bilhão
- Atuava em contratos de compra e venda de avestruzes com compromisso de recompra de animais. O retorno prometido era de 10%. O lucro seria assegurado pela exportação da carne, mas o negócio jamais chegou a ir para frente: em sete anos, nenhuma ave foi abatida. Na teoria, a Avestruz Master teria vendido mais de 600 mil animais. Na prática, só tinha 30 mil.