O câmbio paralelo na Argentina passou perto dos 10 pesos por unidade nesta sexta-feira, 3, e fechou em alta de 2,60%, a 9,88 (venda) e 9,84 (compra). O dólar oficial acompanha a escalada bem de longe, com desvalorizações diárias da ordem de 0,10%, que levaram a moeda a 5,205 (venda) e 5,15 (compra). O dólar paralelo abriu em 9,63 pesos e chegou a ser negociado a 10 pesos por vários doleiros, os chamados "arbolitos" (arvorezinhas), espalhados pelas ruas do centro portenho e que operam em discretas "cuevas" (cavernas), instaladas em fundos de lojas comerciais e salas em edifícios.
- Esse movimento não vai parar por enquanto. Há muita desconfiança e já não há arbitragem para o preço do paralelo - disse um operador do mercado.
Segundo ele, a alta tem sido tão brusca que ninguém mais fecha negócios por telefone.
- Os preços combinados pelo telefone ficam defasados em questão de minutos e ninguém quer perder dinheiro. Tudo tem que ser fechado no momento - explicou o operador.
A disparada nesta semana foi tão grande que a "lechuga" (alface), como o dólar era chamado pelo mercado, mudou de nome e passou a chamar-se "rúcula", considerada mais sofisticada e cara.
- É inexplicável essa alta porque a demanda não é generalizada - afirmou uma fonte do mercado.
Na opinião do especialista, há compras pontuais e grandes de alguns setores como os exportadores de soja. Embora a distância da cotação oficial seja enorme em relação ao paralelo, a percepção dos exportadores é de que o peso vai manter trajetória descendente e ninguém quer ficar com moeda nacional no bolso.
- Todos querem se resguardar da desvalorização do peso, que ainda tem margem para cair mais - disse a fonte.
Até o início da semana, a aposta era para ver quando o "blue", como é chamado o paralelo, atingiria a casa dos 10 pesos. Agora, a expectativa é sobre qual será o teto dessa alta.