Vidrado na frente de telas onde setas coloridas mostram o rumo das ações na bolsa de valores, Bruno Xavier procura ter nervos de aço quando vê as empresas nas quais investe mergulharem em um dia ruim. Com a desenvoltura de um velho tubarão do mercado, o gaúcho de 23 anos aprendeu rápido as regras do jogo: é preciso domar o impulso de se desfazer das ações quando os preços caem e talvez comprar novos lotes na baixa se a empresa for confiável.
- Há dois anos, passei a investir na bolsa, quando percebi que a poupança não daria o rendimento que eu esperava. Com meu primeiro emprego, passei a aplicar mensalmente - explica.
Ao longo deste ano, com os lucros da renda fixa encolhendo a cada mês e a Bovespa patinando, Bruno passou a buscar informações em sites especializados e revistas para investidores, de forma a tornar suas decisões mais certeiras. Também começou a se reunir com gestores de recursos para discutir alternativas e comparar a rentabilidade entre diferentes opções de investimento.
- É importante saber o que está ocorrendo na economia e no mercado. Sem isso, não se toma a decisão certa - explica.
Nunca os brasileiros passaram tanto trabalho para fazer seu dinheiro render - e isso está exigindo um novo perfil de investidor: mais bem informado, disciplinado e propenso a arriscar mais para embolsar lucros maiores. A queda na taxa básica de juro e as novas regras da poupança têm empurrado uma massa gigantesca de pessoas habituadas a aplicações conservadoras a desbravar opções ainda pouco populares, como Fundos de Investimentos Imobiliários e títulos do Tesouro Direto.