Quando adolescente, o ágil lateral esquerdo do grêmio santanense se destacava nos estádios da Fronteira Oeste. Mas não foi correndo atrás da bola que Márcio Maciel, 31 anos, brilhou. Sob chuva, a ainda curta carreira como ginete foi selada pela vitória na mais importante prova da raça de cavalos crioulos: campeão do Freio de Ouro 2012 na Expointer, em Esteio, montando a égua Sananduva do Salton, da Cabanha Salton, de Dom Pedrito. A vitória veio cedo: a entrada no circuito foi há apenas quatro anos.
- Ele tem se apresentado muito bem. Sempre acreditou na égua e teve muita persistência - relata Mário Suñe, vice-presidente de eventos da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC).
Márcio nasceu e cresceu em Santana do Livramento. O primeiro contato com cavalos foi na chácara da avó, no interior do município. Aos cinco anos, o pai, Cláudio, o ensinou a montar. Com 12, ganhou o primeiro cavalo, Nimbo da Música, parceiro até hoje.
Estreou nas paleteadas aos 15 anos. Com 17, tentou a carreira no futebol. Jogou uma temporada e foi chamado pelo Exército, onde serviu por um ano. A proximidade com os animais, o levou de volta às provas - o primeiro título veio aos 19 anos, em Quaraí.
Incentivado pelos pais, transformou a habilidade em profissão e abriu o próprio centro de treinamentos, o Bom Princípio, em Santana do Livramento, onde treina uma média de 25 animais por ano.
O desafio de competir no Freio de Ouro, começou em 2009. Já na primeira participação no circuito, conseguiu se classificar para a final em Esteio, onde terminou em oitavo lugar. No ano seguinte, ficou em quinto. Com Sananduva do Salton - preparada há mais de três anos para a competição - veio a consagração e o título com as fêmeas.
- Valoriza meu trabalho, a cabanha dos animais que monto, é bom pra todo mundo - afirma o ginete sobre a conquista.
Foi também nas pistas de competição que o ginete conheceu a mulher, Denise Simões Pires Leite, 30 anos. Veterinária e ginete, ela recebe do marido o incentivo para participar de provas e, neste ano, esteve pela primeira vez na final em Esteio.
O pequeno Arthur, três anos, filho do casal, parece ter herdado a paixão dos pais.
- A gente deixa bem livre, não pressiona. Mesmo assim, ele adora os animais - garante Márcio.
Passada a euforia do título, o ginete pensa na competição do próximo ano. Como as provas credenciadoras já começam no mês que vem, Márcio tem de seguir preparando os animais.