Manifestações de duas categorias atrasam as operações portuárias em Rio Grande. A operação-padrão de trabalhadores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e de auditores da Receita Federal deixa mais lenta a liberação de cargas, retardando a entrada e saída de navios e lotando o pátio automotivo.
A situação mais alarmante refere-se à liberação de cargas por parte de fiscais aduaneiros. Segundo a Superintendência do Porto de Rio Grande (Suprg), há atrasos em todas as mercadorias. A mais visível é a demora na liberação de veículos. O processo, normalmente concluído em dois ou três dias, está demorando entre 10 e 12 dias. O pátio automotivo está com 90% da lotação. O quadro tende a se agravar com a previsão da chegada de 1,5 mil carros nos próximos dias. Mas apenas 500 dos estacionados devem sair.
Para diminuir o transtorno, novas áreas devem ser liberadas para o estacionamento dos veículos. O porto calcula que é possível manter pouco mais de 10 mil carros em seus pátios. Em caso de superlotação, outros espaços acabam sendo usados. Entre os modelos mais afetados, está o Agile, da GM, proveniente da Argentina. O carro corresponde a 70% dos 9 mil veículos parados em Rio Grande.
Segundo o diretor do Sindicato Intermunicipal dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Rio Grande do Sul (Sincodiv/RS), Tarso Zanatta, as revendas não estão estipulando prazos de entrega para os clientes.
Os servidores da Anvisa realizam um "pente-fino sanitário" em todas as embarcações dos 24 berços de atracação. É estimado atraso de até duas horas na liberação dos cerca de seis navios que chegam diariamente.
No porto seco de Uruguaiana, a operação-padrão de servidores não é tão sentida em razão da barreira comercial imposta pela Argentina, de acordo com o chefe do Serviço de Despachos Aduaneiros da Receita Federal, Felipe Moreira. A retração é de 14% da relação de comércio entre os países com relação a 2011.
Na Fronteira Oeste, os atrasos envolvem as cargas que não têm liberação automática. A entrada de produtos de faixa amarela (fiscalização documental) e vermelha (fiscalização documental e física) está com atraso de dois dias. Para a saída dos produtos com as mesmas fiscalizações, a demora é de um dia em relação à atividade normal. Ao todo, 17 auditores trabalham no local, e 80% aderiram à manifestação.
Os auditores pedem 30,19% de aumento salarial. O governo deve apresentar uma proposta dia 31 de julho.