Driblar uma seca como a que assola o Estado há sete meses sem prejuízos nas lavouras é tarefa praticamente impossível. Mas o manejo correto de solo é capaz de diminuir as perdas. Por isso, mais produtores estão investindo em descompactação da terra e cobertura eficiente de palhada.
Em Cruz Alta, no Noroeste, o agricultor Édio Quaini iniciou há três anos um trabalho específico para aumentar a produtividade. Áreas onde raízes tinham dificuldade para penetrar no solo foram descompactadas com máquinas ou com o cultivo de plantas como o nabo forrageiro.
Com o trabalho em andamento, os resultados já aparecem, segundo o consultor Jorge Vargas, que orienta o manejo na propriedade. Raízes com cerca de 12 centímetros são encontradas - a média na região é de seis centímetros.
- Durante 30 dias sem chuva, a soja que plantei resistiu à seca sem apresentar problemas. A raiz buscava água nas camadas de baixo. Depois desse período, ressecou tudo e a planta passou a sentir a seca - conta Quaini.
Este ano, o produtor irá continuar o manejo, com o cultivo de aveia e trigo, plantas que fornecem grão e produzem palha resistente para o plantio direto. O inverno será sob efeito do fenômeno El Niño, por isso, bastante chuvoso, apontam meteorologistas.
- Embora o La Niña tenha chegado ao fim em abril, a chuva ainda não ficou regular e intensa porque a atmosfera leva um tempo até reagir à alteração da temperatura no oceano. Mas o inverno será chuvoso, e essa regularidade pode se iniciar na próxima semana - afirma Estael Sias, meteorologista do Grupo RBS.
Com isso, o engenheiro agrônomo e coordenador de pesquisa da CCGL TEC, José Ruedell, alerta para a ação de fungos no trigo, na aveia e na cevada.
- Uma condição de muita chuva e temperaturas altas é extremamente propícia ao aparecimento de fungos. Além disso, uma grande precipitação logo após a aplicação de nitrogênio (maior nutriente das plantas), por exemplo, faz com que o produto se perca, obrigando a uma nova colocação - explica Ruedell.