Em um jantar com os líderes dos países que integram o G-20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pregou ontem a volta do "espírito de cooperação e solidariedade" do grupo das 20 maiores economias do planeta. Mas reunião em separado ontem entre o presidente dos EUA, Barack Obama, e da China, Hu Jintao, mostra a dificuldade de produzir um acordo para reduzir o clima de disputa cambial.
Obama pressionou pela importância da valorização do yuan, a moeda chinesa. Hu lembrou que a reforma no câmbio exige "ambiente externo sólido" e que pode ocorrer apenas gradualmente. Desde junho, o yuan apreciou-se contra o dólar, mas em ritmo considerado insuficiente por vários países, especialmente os EUA.
O encontro de cúpula ocorre em meio a um clima de acirramento cambial. Na semana passada, os EUA anunciaram que vão injetar US$ 600 bilhões na economia do país, o que estimula a desvalorização do dólar em relação a outras moedas. Como o yuan é praticamente atrelado ao dólar, os produtos chineses ficam mais competitivos ante os da maioria dos outros países emergentes.
Antes do jantar, numa entrevista, Lula criticou tanto a postura dos Estados Unidos tanto quanto da China:
- A economia americana está desvalorizando o dólar, a chinesa faz a mesma coisa com a sua moeda, e isso prejudica os concorrentes. Não dá para continuar do jeito que está, com esse desequilíbrio cambial. Não dá.
Os EUA insistem para o G-20 fechar um acordo genérico para controlar os excessivos desequilíbrios em conta corrente. O governo brasileiro pressiona para que o comunicado que será assinado hoje contemple a restrição da entrada de recursos externos por países que sofrem valorizações excessivas de suas moedas - um eufemismo para controle de capitais.
A presidente eleita Dilma Rousseff disse que é ruim o Brasil estar na reunião com o título de moeda mais valorizada. Acrescentou que pretende tomar "todas as medidas possíveis", mas se recusou a adiantar quais poderiam ser.
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