Era para ser um nome mais ortodoxo na poderosa Secretaria do Tesouro (equivalente ao Ministério da Fazenda nos EUA), mas Donald Trump não confirmou o favoritismo de Kevin Warsh, visto como um nome mais ortodoxo. E surpreendeu duplamente, ao sacar o nome de Scott Bessent, que estava fora das apostas majoritárias e, além disso, é ex-pupilo de... George Soros.
Os que amam Trump odeiam com igual intensidade o bilionário de origem húngara. Bessent já atuava na Soros Fund Management e ajudou o chefe e seu então número 2, Stanley Druckenmiller, a apostar contra a libra esterlina em 1992, ganhando mais de US$ 1 bilhão.
Em 2015, levantou US$ 4,5 bilhões, incluindo US$ 2 bilhões de Soros, para lançar sua Key Square Group, de fundos hedge que aposta em tendências macroeconômicas. Caso seja aprovado pelo Senado, Bessent será o primeiro secretário do Tesouro abertamente gay dos Estados Unidos.
Aos 62 anos, Bessent mora em Charleston, Carolina do Sul, com seu marido, John Freeman, e dois filhos. Seu perfil como economista e investidor é de "falcão" - no sentido americano do termo, de ter forte foco fiscal. É com essa característica que vai comandar um país que tem dívida de US$ 36 trilhões, equivalente a 122% do PIB.
Soros está se aposentando, mas não custa lembrar, para quem não sabe, porque é tão odiado pela chamada "direita alternativa". O húngaro-americano sobreviveu no país natal ocupado por nazistas e, já bilionário, criou a Open Society, fundação que apoia causas políticas progressistas.
Aos 92 anos, Soros está prestes a passar o comando dos negócios para seu filho Alexander. Mas ainda verá um ex-pupilo comandar a maior economia do planeta. Poderá ter de discutir medidas com Elon Musk, que já acusou seu ex-mentor de "inimigo da humanidade" (confira aqui). Será interessante.