Diante da temida pandemia do coronavírus, diversas instituições estão vivenciando uma crise sem precedentes e situações jamais previstas, com impactos que já sinalizam mudanças definitivas em nossa sociedade. Em entrevista com o Coordenador do MBA Executivo em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios da FGV/Decision, Prof. Dr. Antonio André Neto, o profissional apresenta algumas reflexões pontuais para este período de pandemia, com suas impressões sobre a instauração das três crises atualmente enfrentadas pelos brasileiros – de saúde, econômica e política – e cenários possíveis para a superação delas.
Conforme dados do Copom, o país passou de um cenário econômico favorável para desafiador, a partir da desaceleração global provocada pelo coronavírus. Assim, a pandemia impacta diretamente nossa economia e deve afetar diretamente o bolso do brasileiro nos próximos meses.
— O cenário mostra mudanças importantes nos hábitos de consumo, acesso mais difícil ao crédito e menos dinheiro no bolso. Ou seja, tudo leva a redução significativa no consumo, especialmente dos bem não considerados essenciais, comenta Neto.
A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) diminuiu recentemente sua previsão de crescimento no mundo. A entidade aponta que quase todas as grandes economias do mundo irão entrar em recessão, com declínio econômico por ao menos dois trimestres consecutivos. Neste sentido, o professor aponta o que pode acontecer no cenário brasileiro dos próximos meses:
— Certamente a queda no PIB será significativa. Ainda não se pode vislumbrar em quanto tempo a pandemia vai passar e, além disso, haverá um período de vários meses no processo de retomada da economia. Por tudo isso, na melhor das hipóteses vamos começar a sair do fundo do poço apenas no último trimestre, isso, se não houver impactos políticos mais relevantes.
“Estamos mudando de era: já tivemos o pós-guerra, em breve vamos viver o pós-pandemia”
Alguns analistas ponderam que esta crise será comparável ou até mesmo pior que a Grande Depressão, nos anos 1930. Logo, surgem diferentes perspectivas econômicas para analisar a dimensão da crise no Brasil:
— Vivemos em uma época diferente. Vários setores estão crescendo suas vendas, em especial os ligados a serviços e vendas online. Outros, em setores como de alimentos, logística, farmacêutico, elétrico, equipamentos de informática, estão sendo menos afetados. Além disso, os meios de produção continuam disponíveis. Assim, apesar da gravidade da situação, o ambiente de negócios hoje é muito mais responsivo, ou seja, a recuperação será mais rápida do que nos anos 1930.
Atualmente, vivemos a fragmentação e transformação das relações de trabalho, com novos modelos e o aumento da informalidade, que podem influenciar a crise econômica causada pela pandemia.
— Vivemos, infelizmente, em um mundo desigual. Pessoas mais pobres sofrerão mais. Para esta importante parte da nossa população é vital a ajuda dos governos em todas as esferas. Os mais afetados serão os vendedores ambulantes, as diaristas, aqueles que não tem emprego fixo. Depois, os pequenos negócios, que não tem capital de giro para suportar a paralisação. Os profissionais liberais que conseguirem se adaptar e oferecer soluções à distância ou atendimento dentro de normas rígidas de segurança conseguirão ser menos afetados. Aqueles que têm emprego que possibilite o trabalho remoto ou possam prestar seu serviço remotamente e estão se adequando, sofrerão menos. De um modo geral, apesar de tudo, a crise está sendo uma grande alavancadora de novos modelos de trabalho e de negócios.
Neto ainda complementa outras mudanças em modelos de trabalho no futuro:
— Os negócios online, sejam de venda, entrega, ensino, entretenimento, bancário, serviços como contabilidade, advocacia, psicologia, entre outros, certamente utilizarão mais destes meios. De todos os empregados que hoje estão trabalhando remotamente, apenas uma parte deles voltarão a trabalhar nos escritórios. Muitos metros quadrados de salas serão devolvidos aos proprietários, causando grande impacto no valor dos aluguéis, e na oferta de novos imóveis. A grande maioria das reuniões presenciais serão substituídas por vídeo conferências, reduzindo de maneira muito importante a demanda por táxis, voos e quartos de hotéis. Uma parte significativa das empresas que dispensaram empregados diz que voltarão a contratar apenas uma parte deles. Ou seja, todos os setores da economia serão afetados, seja para melhor, seja para pior.
Para superar tudo isso, uma grande movimentação é essencial quanto ao posicionamento de empresas e gestores, a fim de evitar uma crise global de proporções ainda maiores. Neto explica:
— O comportamento das pessoas está mudando. Elas estão se questionando: será que eu preciso disso? As empresas precisam trabalhar para mostrar o valor daquilo que elas vendem, a chamada Proposta de Valor. As compras serão muito mais seletivas. O comércio online está passando a ser a principal opção. As lojas físicas vão, cada vez mais, passar a ser um ponto de demonstração de produtos físicos. Isso vai levar a um redesenho das lojas, reduzindo seus tamanhos e ofertas. As vendas dependerão menos dos canais de varejo. As indústrias poderão vender diretamente para os consumidores finais. Ou seja, estamos mudando de era, já tivemos o pós-guerra, agora vamos começar a viver o pós-pandemia.
Para estar preparado diante deste momento e de tudo o que ainda vem pela frente, práticas e ferramentas são fundamentais para lideranças e gestores, que são exploradas no MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios da FGV/Decision, coordenado pelo Prof. Dr. Antonio André Neto.
Trata-se de um curso de enorme sucesso. Este sucesso é medido pelo progresso profissional e pessoal dos alunos, uma vez que 100% deles são promovidos até o final do curso, criam suas próprias empresas ou ainda são empresários que expandem seus negócios. A missão é refinar o entendimento da dinâmica dos negócios em todas as suas áreas, como consta no próprio nome do curso: Gestão Estratégica e Econômica. Ou seja, busca aperfeiçoar a capacidade dos alunos para traçar e implementar estratégias para conquistar e fidelizar clientes. Isso, considerando as forças do mercado e da economia como um todo. Apesar desta crise mundial afetar profundamente a vida das pessoas, algumas delas conseguem ver oportunidades para expandir negócios e gerar empregos, para tornar suas empresas mais responsáveis socialmente e para contribuir e criar uma sociedade mais justa e melhor para todos.
Sobre o Professor Doutor Antonio André Neto
Doutor pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Neto é especialista em administração e empreendedorismo e possui livros publicados sobre este e outros temas correlatos. Foi gestor de empresas como Grupo Thyssen, Promon, Grupo Gerdau e Grupo Eluma, realizou negócios em mais de 50 países e possui especializações em instituições consagradas como as universidades de Harvard, Califórnia e Pensilvânia.
Sobre a FGV – Fundação Getulio Vargas
A Fundação Getulio Vargas é referência há mais de 70 anos no Brasil e uma das maiores instituições de ensino superior do mundo, onde 40% dos melhores CEOs do Brasil fizeram seus MBAs (Forbes). Única instituição brasileira a figurar entre as dez melhores da América Latina no QS Global 200 MBA Rankings e melhor thinktank da América Latina e Top 5 no mundo.
Sobre a Faculdades Decision de Negócios
A Decision foi a primeira instituição fora do eixo Rio/São Paulo a tornar-se parceira da FGV, em 1993, e pioneira na articulação da instalação da FGV pelo país. Conta com mais de 25 mil profissionais formados entre suas sedes de Porto Alegre e Novo Hamburgo, com cargos de direção em grandes corporações gaúchas, bem como empreendedores em novas e promissoras startups da região.