O setor cultural gaúcho ainda está se recuperando dos impactos causados pela enchente ocorrida no mês de maio. Um levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), por meio do Sistema Estadual de Cultura (SEC), apontou cerca de R$ 47 milhões em perdas, isso sem contar os eventos cancelados ou adiados em função dos alagamentos.
Em busca de uma iniciativa que pudesse colaborar com os trabalhadores da cultura gaúcha, especialmente as pequenas empresas que tiveram seus espaços afetados pelas chuvas, o Sebrae RS, criou o programa Sebraetec Supera Cultura RS, que conta com o apoio da Sedac. A proposta consiste em um plano de ação para auxiliar na reconstrução de negócios do setor cultural e da indústria criativa do Estado. As inscrições estão abertas por meio de formulário. Após a visita de um consultor, que fará o levantamento de todos os reparos necessários, a iniciativa reembolsa parte dos custos de reconstrução dos espaços físicos das microempresas.
– Assim que o Estado começou a avaliar os danos causados pela enchente, a Sedac mobilizou todos os esforços para oferecer suporte e auxílio imediato à classe cultural. Agora, com a parceria do Sebrae, estamos expandindo esse trabalho, aproveitando sua experiência na orientação e no desenvolvimento de estratégias e planos para empresas. O Sebraetec Supera Cultura RS não é apenas um auxílio financeiro, mas também uma oportunidade para que produtores e empreendedores culturais possam fortalecer e reorganizar seus negócios – destaca Beatriz Araujo, secretária estadual de cultura.
A proposta é destinada exclusivamente para microempresas (negócios com faturamento anual entre R$ 81 mil e R$ 360 mil) e, de acordo com a especialista do Sebrae RS, Amanda Paim, a parceria com a Sedac surgiu pois a Secretaria vislumbrou uma oportunidade de colaborar ainda mais para a reestruturação dos empreendimentos culturais do Estado. Para ela, a diversidade dos negócios foi um dos grandes desafios para a construção da proposta.
– Encontramos realidades muito diferentes neste setor. Desde o escritório de arquitetura, passando pela livraria até os estúdios de dança e moda. Temos consciência que o programa está levando uma oportunidade para que as empresas melhorem suas estruturas – comenta.
A especialista em do Sebrae RS, Amanda Paim, fala sobre o funcionamento do projeto e o apoio da entidade para os empreendimentos culturais. Confira:
Como surgiu a ideia do projeto Sebraetec Supera Cultura RS?
Este é um projeto que prioriza as empresas do setor cultural diretamente impactadas pelas águas. A atenção do Sebrae RS está em atender aos microempreendedores do setor cultural e da economia criativa na reconstrução de seus espaços, auxiliando na compra de equipamentos e reformas.
Como se deu a parceria com a Sedac?
A Sedac conheceu o programa e quis levar um apoio ainda maior para as empresas do setor cultural. Foi uma parceria firmada visando o apoio a reconstrução dos pequenos negócios voltados para a cultura e a economia criativa do Estado.
O setor cultural foi afetado em diferentes frentes, de livrarias que perderam estoque até produtoras que tiveram trabalhos cancelados. Como vai funcionar o apoio para essa diversidade de realidades?
O Sebraetec Supera Cultura RS foca em microempresas, ou seja, empresas que faturam acima de R$ 81 mil ao ano até R$ 360 mil, já que o próprio governo do Estado lançou um programa para atender ao Microempreendedores Individuais (MEIs). Nós, do Sebrae RS, entendemos que esse programa, para não ter conflito, deveria priorizar as microempresas, que formam um conjunto bem grande de atividades culturais e de economia criativa. No caso, podem participar tanto empresas que estão diretamente ligadas ao setor, quanto aquelas que prestam apoio e suporte para a cadeia de cultura.
Podes explicar um pouco como vai funcionar o reembolso para as empresas?
Encontramos realidades muito diferentes neste setor, já que estamos falando de mais de 140 Classificações Nacionais das Atividades Econômicas (CNAEs). Temos desde o escritório de arquitetura, passando pela livraria, os estúdios de dança, de música, os teatros, os ateliês da moda autoral e o artesanato. É uma variedade de atividades econômicas com realidades muito distintas. Temos consciência que muitas empresas já se restauraram de alguma forma, mas, mesmo assim, estamos levando essa oportunidade para garantir mais melhorias e também a aquisição de equipamentos. É realmente um apoio, inclusive para as empresas que já se organizaram, para marcar um recomeço e também melhorar as suas estruturas.
O Sebrae tem como foco o apoio aos pequenos empresários. Há algum projeto voltado especificamente para quem empreende na cultura? Que outras iniciativas a entidade oferece para quem trabalha no setor e precisa de apoio?
A atuação do Sebrae RS na cultura e na economia criativa está crescendo. Temos alguns projetos em Santa Maria, dentro do Distrito Criativo, um trabalho com Moda Autoral em Porto Alegre e também com as livrarias da Capital. Ainda são iniciativas muito nichadas, mas que têm como objetivo a competitividade, ou seja, que esses negócios tenham estrutura para sobreviverem e terem presença no mercado.