Criado para complementar fontes de financiamento da produção do setor primário brasileiro, o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) começa a ganhar espaço no mercado de capitais. Com vantagens ao investidor, como isenção de Imposto de Renda e rentabilidade superior à maioria dos investimentos em renda fixa, o título de crédito representa também uma alternativa extra para os produtores custearem as safras.
Relativamente novo no mercado, o CRA teve sua primeira operação em 2009, quando surgiu como uma modalidade emitida exclusivamente por companhias securitizadoras. Até então, os demais títulos do agronegócio eram emitidos somente por instituições financeiras, cooperativas e produtores rurais.
_ É uma forma ainda nova de investimento, que tende a se expandir por oferecer benefícios a investidores e produtores _ avalia Uriel Rotta, sócio da Stracta Consultoria e também professor da Fundação Instituto de Administração (FIA).
Resumidamente, a diferença entre o CRA e os demais títulos do agronegócio é o fato de não ser emitido por bancos ou instituições financeiras, e sim por empresas de seguros. Na prática, qualquer pessoa física pode investir no título, que irá remunerá-lo com juros. O valor captado deve, no entanto, ser emprestado necessariamente para financiamento de negócios agrícolas.
Apesar de o título ter maior rentabilidade, o especialista em mercado financeiro Leandro Rassier salienta que também representa risco maior aos investidores e juros maiores aos produtores do que o crédito rural, por exemplo, hoje em 5,5%.
_ São modalidades diferentes, complementares. Mas toda rentabilidade é proporcional ao risco que se corre _ resume Rassier.
Ao estrear nessa modalidade de crédito neste ano, a Cooperativa dos Agricultores de Plantio Direto (Cooplantio) pretende captar R$ 60 milhões para serem aplicados pelos 34 mil associados já na próxima safra de grãos. O CRA está em fase de elaboração, devendo ainda ser aprovado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
_ Estamos buscando investidores para oferecer aos associados uma nova possibilidade de crédito, não em dinheiro, em espécie, mas em compra de insumos para a produção _ explica Ernani Costa, gestor de negócios da Cooplantio.
Como é operado o CRA e suas características:
O QUE É
- O Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) é um título emitido por uma companhia securitizadora, vinculado a direitos de créditos destinados ao agronegócio.
QUEM EMITE
- Só empresas não financeiras que fazem securitização (troca de títulos) do agronegócio. Essas empresas reúnem papéis que representam direito futuro a receber recursos, e com base nisso, emitem títulos oferecidos a investidores.
CARACTERÍSTICAS
- Investimento mínimo é de cerca de R$ 50 mil, mas depende de cada tipo.
- Pode ter remuneração prefixada ou pós-fixada por CDI, IPCA ou outros.
- Isento de IR para investidor pessoa física.
- Têm prazo curto, entre um e dois anos.
- Podem ser negociados no mercado secundário (corretoras e bolsas), dentro das regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
FINALIDADE
- Financiamentos ou empréstimos relacionados à produção agrícola, comercialização, beneficiamento ou industrialização de produtos e máquinas e implementos.
EM QUE É UTILIZADO
- Financiamento de insumos.
- Hedge (proteção ou cobertura de uma dívida a ser paga no futuro).
- Custeio da safra dos produtores.
- Financiamento de estoque ou de máquinas e equipamentos.
- Não há incidência de IOF de 30 dias.
- Taxas atrativas, normalmente acima de investimentos de renda fixa, letras de crédito, CDB e poupança.
BENEFÍCIOS
- Não há incidência de IOF de 30 dias.
- Taxas atrativas, normalmente acima de investimentos de renda fixa, letras de crédito, CDB e poupança.
RISCOS
- As garantias são fornecidas apenas pelas empresas securitizadoras.
- Não tem cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Fonte: Octante Securitizadora e Leandro Rassier, professor da PUCRS