O debate sobre relacionamentos tóxicos segue em alta, na esteira dos episódios envolvendo Bruna Griphao e Gabriel no BBB 23. Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta terça-feira (24), a psicóloga Lavínia Palma falou sobre as características de um tipo de violência que nem sempre é fácil identificar: a psicológica.
— Ela é muito sutil e não vem nesse esteriótipo de homem machão, que bate na mulher, que diz “mulher minha não faz isso, mulher minha não sai de casa”. Temos a visão do cara grosseiro, super machista, e isso muitos homens já entenderam que não é legal — declarou ela na atração, que também contou com a participação do jornalista Chico Barney.
Lavínia explica que, normalmente, não há dano físico ou material à vítima. O que ocorre, conforme a psicóloga, é uma naturalização da abordagem violenta.
— Isso vem desde a nossa infância. Quando vamos consumindo conteúdo e sendo socializados é que fazemos um pareamento entre violência e amor. Por exemplo, o coleguinha da escola bate na menina, ou implica com a menina, o que dizem? “Ah, implica porque gosta de ti”. E quando a gente naturaliza, invisibiliza, não enxerga — declara.
Em 2021, a Lei 14.188 incluiu no Código Penal o crime de violência psicológica contra a mulher. Ele é atribuído a qualquer conduta que prejudique ou perturbe o pleno desenvolvimento, ou que vise controlar ou degradar ações, comportamentos, crenças e decisões por meio de ameaça, constrangimento, humilhação, chantagem, manipulação ou ridicularização.
Recado na TV
Para o colunista Chico Barney, a interferência do apresentador Tadeu Schmidt, que abriu a edição ao vivo do BBB 23 no domingo (22) fazendo um alerta sobre o caso Gabriel Fop e Bruna Griphao, foi um grande acerto.
— Quanto mais cedo o programa se responsabiliza e tenta direcionar para o lado que a gente quer que o programa esteja, melhor. Que seja de um entretenimento mais leve, com muita briga, muita intriga, muita sacanagem, mas dentro dos limites do que é saudável — avaliou.
Lavínia Palma ponderou que é importante o fato de o recado ter sido dado por um homem.
— Como estamos em uma cultura patriarcal, a voz da mulher está em um lugar inferior, infelizmente. Então, ele escutar isso de outro homem tem um peso diferente — argumentou.
Como identificar
A psicóloga aponta que as mulheres são socializadas para agradar e para olhar o outro, o que faz com que se disconectem de si mesmas. Assim, a identificação da violência psicológica se torna ainda mais difícil. Por isso, sua orientação é que as mulheres prestem atenção aos sentimentos, buscando autoconhecimento:
— Como eu identifico uma violência psicológica? Como eu sei se isso está certo ou errado? Tenho que pensar em como me sinto com isso e aprender a me olhar.