Em 2018, o jornalista Bernardo Guedes, 46 anos, foi considerado o dono da coleção mais expressiva de Kens do Brasil, conforme levantamento da RankBrasil.
Recentemente, o morador de Novo Hamburgo entrou para o ranking da Official World Record, reconhecido como o maior colecionador do boneco ícone da Mattel em todo o mundo.
— Entrei oficialmente para a história da Barbie, que eu amo de paixão. Pode vir qualquer outra pessoa agora, eu sempre vou ter sido o primeiro maior colecionador de Kens. O primeiro é do Brasil — diz o gaúcho.
Semelhante ao Guinness World Records, o Official World é um registro de status internacional.
Coleção recordista
Guedes aponta que a maioria dos colecionadores tende a construir acervos com exemplares da Barbie, o que faz com que poucos tenham uma coleção dedicada exclusivamente ao personagem.
O jornalista conquistou o título nacional com posse de 101 Kens. Para o novo feito, ele comprovou ser detentor de 150 bonecos. O número, no entanto, pode ser bem maior.
— Quando somos recordistas e colecionadores, não revelar o número exato é uma estratégia. Cadastrei 150 bonecos, porque se alguém quiser tirar o troféu de mim, não vai conseguir. Eu tenho mais do que o número que está descrito — assegura.
Ele conta que ganhou seu primeiro Ken da avó, aos oito anos. Na época, no Brasil, o brinquedo era vendido originalmente pela marca Estrela, sob o nome de Bob.
A coleção foi se formando a partir dos 18 anos, quando pôde adquiri-los com o seu próprio dinheiro. Desde então, passou a frequentar lojas, pedir para amigos comprarem em viagem ao exterior, importar e conversar com outros colecionadores para fazer suas aquisições.
— É um garimpo, porque são lançados 20 Barbies para um Ken. Às vezes é difícil de conseguir.
O último item que entrou para a coleção foi o Ken Mojo Dojo Casa House, produzido em razão do filme Barbie (2023). Ele veste roupas de roqueiro, casaco de pele e um colete preto com franjas.
O gaúcho conta que descobriu a possibilidade de ser um recordista quando participou da série de TV Colecionadores, do History Channel.
Ao se inscrever no Official World Record, enfrentou um intenso processo de verificação e precisou catalogar todo o acervo, além de passar por uma averiguação por parte de testemunhas.
A possibilidade de tentar o Guinness World Records acabou ficando de lado por conta do elevado valor de inscrição.
Relação com o Ken
O apreço de Guedes pelo Ken começou na infância. No entanto, na época, ele precisava brincar escondido, já que o boneco era considerado "brinquedo de menina".
Ele observa que, atualmente, há uma mudança na percepção da sociedade sobre a diferenciação do brincar entre os gêneros e defende que as crianças tenham liberdade para fazer as suas escolhas.
— Nós aprendemos que uma menina pode brincar de bola e se tornar uma grande jogadora de futebol, um menino pode brincar de panelinha e vir a se tornar um grande chef. Aprendemos que as crianças podem explorar o mundo através do brincar, usar os artifícios dos brinquedos para ir descobrindo vários universos — reflete.
O jornalista conta que sempre gostou da história do Ken com a Barbie e das possibilidades de criar enredos com personagens, fora a parte lúdica que os envolve.
Para ele, tanto a Barbie quanto o Ken incentivam as crianças a serem o que elas quiserem:
— O Ken mudou muito de uns anos para cá. Ele tem vários tipos de corpo, vários tons de pele. Tem o Ken com vitiligo, com a perna amputada, tem o cadeirante, com a aparelho auditivo, com a pele retinta. O Ken de várias roupas e várias profissões. Ele também ensina que os meninos podem ser tudo que eles quiserem e que podem brincar com ele.
*Produção: Carolina Dill