A história de Angela Ponce, primeira mulher trans a concorrer pela coroa de Miss Universo em 2018 representando a Espanha, serviu de inspiração para o mundo todo. No Rio Grande do Sul, a presença de Angela encorajou Bethina Marcante a se tornar a primeira mulher transgênero a se candidatar ao Miss Universo RS. O mesmo concurso, que será realizado em 6 de maio, também receberá a primeira candidata mãe, Vitoria de Brito Liskoski, após atualização nas regras da competição mundial.
Bethina tem 26 anos e é candidata de São Borja. Por morar no interior, ela explicou, em entrevista ao g1 RS, que não teve uma trajetória em concursos de beleza e essa é sua estreia no Miss Universo RS.
— Tive algumas experiências como modelo, mas sempre morei no interior, então o foco era o estudo. Como eu não me encaixava, não encontrava uma tribo, sempre fui mais focada nos estudos. Caí direto no Miss Universo, diferente das outras garotas — revela.
Bethina deixou um pouco de lado a vida de arquiteta e designer de interiores para se dedicar ao Miss Universo RS. Para ela, essa tem sido uma experiência diferente.
— Eu sempre tento quebrar a barreira e me apresentar como ser humano. Nunca levantei pauta, nunca militei, e de repente todos os holofotes estão virados para mim, com uma expectativa bem grande a respeito da minha participação. Ainda estou me acostumando, confesso — explica.
Embora a presença de mulheres trans nunca tenha sido vetada do Miss Universo RS, nenhuma tinha participado até então. Desde o ano passado, o Miss Universo é organizado pela empresária tailandesa trans Anne Jakapong Jakrajutatip. Defensora dos direitos LGBT+, ela é a primeira mulher a assumir a direção do concurso de beleza.
Para Bethina, o sonho vem da infância e ela lembra que tudo começou em 2007, quando assistiu Natália Guimarães vencer o Miss Brasil e ficar em segundo lugar no Miss Universo. Mas a dedicação para o sonho começou após a presença de Angela Ponce no concurso. Bethina conta que, a partir daquele momento, percebeu que também havia espaço pra ela e resolveu tentar.
— Já era um sonho desde criança, mas naquele momento eu vi que era possível. Mas minha maior referência é a Julia Gama, vice Miss Universo porto-alegrense. A determinação dela me inspira — conta.
Sobre os preparativos para o concurso, ela garante que tem recebido ajuda de muitas pessoas. Ela se surpreendeu com a rede de apoio que está se criando em volta dela.
— Todo mundo me espera em todo lugar que eu chego, está vindo apoio dos lugares que eu menos esperava. Sempre recebo mensagens, fico bem feliz. Para uma garota do interior, isso não era possível, só existia do outro lado da TV. Tem sido mais grandioso do que tudo que eu imaginei até hoje — comemora.
A etapa estadual ocorre no dia 6 de maio. A candidata que vencer, disputará com outros estados o título de Miss Universo Brasil. A vencedora nacional disputa o posto mundial no Miss Universo.