Em uma postagem em seu perfil no Instagram, a atriz Mel Lisboa compartilhou prints do grupo de WhatsApp da escola de inglês da filha, dirigido aos pais e cuidadores dos alunos. Na mensagem, a professora se dirige às "mamães" na hora de comunicar um dever escolar. No grupo, a atriz questionou a docente:
"Por que só as mamães? Papais também não podem ajudar?".
As imagens mostravam o decorrer a conversa, em que a professora pedia desculpas e disse que se referiu às mulheres por se tratar da maioria que responde às mensagens.
A atitude da atriz dividiu opiniões, e muitas mulheres acharam que a exposição da profissional da escola foi desnecessária. Em meio à repercussão, Mel apagou a postagem e escreveu:
"Excluí o post polêmico. Entendi que deveria ter me dirigido a ela no privado. Concordo. Pedi desculpas, tanto no grupo quanto no privado. Vivendo e aprendendo", afirmou.
Donna perguntou às mulheres que participam do Grupo de Mães Donna, no Facebook, como isso é visto nos grupos de WhatApp das escolas de seus pequenos. Muitas concordam que ainda existe o machismo cultural de associar à figura da mãe toda a responsabilidade com a criança. Mas foi quase ponto em comum o fato das professoras apenas estarem sobrecarregadas no momento e que um pouco de compreensão também é necessário.
Entre elas, várias afirmam que a escola já está usando o "senhores responsáveis" e que os pais estão, cada vez mais, presentes.
Veja alguns relatos:
Acho importante as escolas responsabilizarem tanto as mães quanto os pais em relação aos cuidados pedagógicos. Mas na quarentena, as professoras se virando em mil, gravando os vídeos, preparando a aula, paciência de jó para dar aula online para criança... Daí chega lá e só pede para as meninas deixarem um card destacado antes da aula e ainda leva uma problematização e é exposta nas redes? (Mesmo não tendo marcado a professora, a Mel ainda postou, né?). Exaustivo, eu diria.
Nathália Cardoso, 25 anos, mãe de Anita, seis anos
Ela poderia não ter exposto a professora, mas já é sabido por todos que deu dessa história de só puxar a responsabilidade para a mãe nas atividades da escola. Eu e meu marido vamos em todas as reuniões da escola juntos, algumas vezes ele vai sozinho se eu tenho compromisso de trabalho e agora na quarentena ele faz mais as atividades da escola do que eu - fico apenas para explicar a matéria ( tenho mais didática por ter feito magistério).
Sabrina Donatti Bruno, 36 anos, mãe de Maria Luísa, oito anos
Sempre que aconteceu esse tipo de coisa na escola eu entrei em contato com a ouvidoria da instituição. Depois de dois anos sendo "a chata" do e-mail, isso sumiu das comunicações da escola. Outra coisa que me incomoda é o Dia das Mães e o Dia dos Pais, se não fosse retrógrado o suficiente manter essas datas, ainda comemoram com as mães uma missa, com os pais uma partida de futebol, sabe?
Tati Cardoso, 32 anos, mãe de Pedro Henrique, oito anos
Não vi essa postagem, mas me incomoda esse direcionamento às mães e já percebi que o meu marido fica desconfortável com isso. Em consultas médicas isso também é comum. Tá lá a mãe e o pai com a criança, e o médico só falando com a mãe. A gente sabe que a realidade do país, infelizmente, é de muitos homens que não assumem seu papel de pai (casados ou não com as mães). Mas é preciso repensar nos termos, até porque tem famílias só de pais, só de mães, famílias que os avós são os cuidadores, a tia, enfim.
Joice Proença, 34 anos, mãe de Benjamin, dois anos
Na escola do meu filho o comunicado vem: para pais ou responsáveis. E o grupo do WhatsApp da turma só tem as mães por uma opção nossa de fazer o grupo e adicionar somente as mães, para auxiliar e lembrar as tarefas, mas não exatamente por não querer que os pais participem. Até porque tudo depende muito de como é esse auxílio dentro de casa, independente de grupo ou comunicado.
Vanessa Gonçalves, 31 anos, mãe de Inácio, seis anos, e Luiza, quatro
Na escola do meu filho pedem que "alguém da família" auxilie nas tarefas. E os pais são adicionados no grupo junto com as mães. No meu caso, em que meu marido tem mais disponibilidade que e,u é ótimo.
Adê Valença, mãe de Laura, 22 anos, Victor, 17, e Davi, 11