A desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho não diz respeito apenas à questão salarial. Falta de representatividade feminina em cargos de liderança e demissões após o fim da licença-maternidade também entram no combo.
No Brasil, esse cenário é bem evidente. Segundo o ranking do Fórum Econômico Mundial divulgado no ano passado, o país é o 90º (de um total de 144) mais desigual entre gêneros no ambiente profissional.
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Divulgado em setembro pela empresa de consultoria em gestão Oliver Wyman, o estudo O ciclo de vida do gap de gêneros mostrou, por exemplo, que apesar de possuírem o mesmo nível educacional que eles, as brasileiras ganham 25% a menos do que os homens. E em empresas do setor financeiro, como bancos, apenas 16% das pessoas quem compõem a diretoria executiva é composta por mulheres.
O material fez uma análise dos motivos que levam a esse tratamento e apontou iniciativas para diminuir a desigualdade entre homens e mulheres.
Conforme a pesquisa, esse tratamento diferenciado se deve a normas sociais e culturais construídas ao longo da história. Desde a infância, meninos e meninas são educados de maneira diferente. Em geral, eles são encorajados a serem espertos, audaciosos e fortes, enquanto elas são ensinadas a serem gentis, cuidadosas e delicadas.
Quando adultos, espera-se que os homens sejam os provedores econômicos do lar da família, enquanto as mulheres ficariam encarregadas das tarefas domésticas e da responsabilidade na criação dos filhos.
Ao escolher uma profissão e uma carreira, mulheres podem ser influenciadas por esse histórico e pelos exemplos que encontram na sociedade. E quando estão empregadas, existe outro ponto comportamental: a questão da confiança.
As mulheres tendem a subestimar suas capacidades e performance em relação a homens. E essa falta de confiança interfere diretamente na carreira e no salário delas.
O que fazer?
Com base em pesquisas e dados, o estudo apontou algumas maneiras de diminuir a desigualdade de gênero no trabalho. Veja três delas:
Suporte após a licença-maternidade
A maternidade, em alguns casos, pode representar uma dificuldade para a mulher em continuar em seus atuais cargos, especialmente por causa das atuais políticas de licenças das empresas.
Fornecer condições adequadas para as mães se reintegrarem ao trabalho após o período fora é crucial para quebrar o gap de gênero. No Brasil, mulheres têm direito a dois períodos de meia hora para amamentação até que a criança tenha seis meses, e empresas com mais de 30 mulheres acima de 16 anos devem providenciar creches ou suporte para os cuidados com a criança.
Garantir acesso universal a creches em período integral, no horário entre das 7h às 19h, também é essencial para permitir que as mulheres, especialmente as que têm menos recursos financeiros, possam retornar a seus empregos. Isso também ajudaria a reduzir o estigma de que mulheres devem ficar em casa para criar seus filhos.
Flexibilidade é tudo
Modelos flexíveis de trabalho nas empresas, como a possibilidade de home office, permitem melhor conciliação entre vida pessoal e profissional. Esse esquema não funciona necessariamente para todas as pessoas e todos os tipos de empregos, mas pode contribuir para aumentar o número de mulheres que decide se manter no mercado de trabalho.
No entanto, essas opções de flexibilidade devem ser oferecidas e utilizadas tanto por mulheres quanto por homens – do contrário, podem acabar reforçando alguns papéis dos gênero.
Faça delas um exemplo
Mulheres que alcançaram posições de liderança deveriam ver seu sucesso não apenas como um objetivo final, mas como uma responsabilidade social perante as novas gerações. Como são tão poucas mulheres em cargos assim, cada uma delas deveria se fazer visível dentro e fora de sua organização. Um exemplo forte pode gerar impacto em muitas pessoas, para a vida toda.
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