Por que tantas pessoas estão insatisfeitas com seu trabalho, apesar de algumas receberem uma polpuda remuneração por ele? E por que outras encontram seu propósito e imensa satisfação, embora tenham empregos considerados inferiores e mal pagos?
No livro Trabalhar pra quê?, o professor Barry Schwartz revela tendências e padrões que geram felicidade no local de trabalho e aponta que os satisfeitos acreditam que aquilo que fazem é significativo.
"Talvez seja desnecessário dizer que médicos e advogados muitas vezes fazem trabalhos que consideram importantes e gratificantes. Mas agora vimos que zeladores, operários, operadores de call centers podem alcançar um nível igual de significado. Ter um trabalho no qual se tenha satisfação – ou pelo qual se anseia – é mais fácil se ele for desafiador em si, variado e cativante. Ajuda se o trabalho der a chance de usar certas competências e desenvolver outras. Ajuda se houver autonomia, se o trabalhador se sentir parte de um grupo, se o trabalho estiver direcionado a uma meta mais valiosa, que traga significado e propósito", explica ele.
Um estudo feito pela Gallup, empresa que mede o índice de satisfação de funcionários há quase duas décadas, mostrou que para 90% dos trabalhadores do mundo, o trabalho é muito mais uma fonte de frustração do que de realização. O levantamento coletou informações de 230 mil pessoas em 142 países.
O dado é impressionante, afinal, na metade do tempo que passamos acordados, 90% dos trabalhadores fazem coisas que prefeririam não fazer em um lugar onde não gostariam de estar. Ou seja, se não fosse pelo dinheiro, é provável que muita gente não sairia cedo da cama pra ir trabalhar.
É nesse contexto de reconstrução do significado do trabalho que nasce um conceito: job crafting. A ideia consiste em fazer mudanças sutis, mas significativas, no escopo do ofício. É quando os funcionários transformam a própria mentalidade para se ater mais no propósito, no papel importante daquele trabalho para as pessoas, para a sociedade. Experimente pensar: qual o valor que você vê no seu trabalho?
Além de propósito, parte da satisfação que algumas pessoas sentem com o trabalho pode ser explicada pelo diagrama acima, que contempla desafio e competência. Fica claro que quando o trabalho chega em um patamar em que o desafio é muito alto, além das competência desenvolvidas, há ansiedade e angústia. Quando há competência e o desafio aumenta, há felicidade e realização.
Em outras palavras, o gráfico nos mostra que a satisfação vem da ideia de continuar escalando, se desenvolvendo profissional e pessoalmente nesse processo de construção de habilidades e resultados. A maioria de nós prospera ao fazer progressos constantes e ao sentir um senso de propósito, afirma o economista comportamental Dan Ariely.
Se o trabalho nos der a chance de aplicar as competências que temos e desenvolver outras, bingo! Certamente estaremos nos sentindo mais realizadas, felizes e longe daquele grupo que só trabalha pelo dinheiro e vê o trabalho como fonte de frustração.
Você já perguntou em qual momento do diagrama você está? O desafio supera as suas competências ou suas competências já superam o desafio?
Identificar esse estágio é importante para tomar a decisão de permanecer um pouco mais onde está ou se é hora de gerar outro ciclo positivo na sua carreira e permanecer em flow enquanto se desenvolve.
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