Tenho horror de segundas-feiras - e a fobia só tem piorado com a idade. Quando era aluna do Colégio Farroupilha, culpava a aula de matemática da segunda-feira pela gastrite que transformava meu estômago numa espécie de floresta seca em chamas. Só que o colégio terminou, veio a faculdade, o primeiro, o segundo, o oitavo emprego, eu cresci, amadureci e nunca nada mudou.
Minha teoria é de que tudo que tem que dar errado dará numa segunda-feira. Em 99,9% das vezes, confirma-se na prática. Sabe aquela Lei de Murphy que fala que toda partícula que voa sempre encontra um olho? Pois toda partícula que voa sempre encontra o olho da Mariana.
SEMPRE NA SEGUNDA-FEIRA
À medida em que os dias da semana vão passando, a vida vai retomando os trilhos - até tornar-se um grande prazer. Sexta-feira é uma festa, o dia em que esqueço por completo a carga que carreguei nas costas na segunda-feira. Só que então chega o sábado, o domingo... E a tormenta recomeça.
SEGUNDA-FEIRA DE NOVO
Já tentei uma série de medidas para esquecer que estou vivendo numa segunda-feira:
1) Não marco nenhum compromisso pela manhã (meus instintos suicida e homicida estão latentes).
2) Faço exercícios sábado e domingo para não precisar fazer esforço na segunda (já basta esforçar-me para viver).
3) Procuro vestir roupa colorida para dar uma animada no humor (funcionou só uma vez e porque era feriado).
ELA VESTIU UM MACACÃO DO MICKEY
PARECIA UMA DÉBIL MENTAL
Segunda-feira de manhã é o dia em que fico um tempinho a mais sentada na cozinha, acompanhada da quarta xícara de café preto, mirando desconsolada algum ponto fixo no horizonte. Se bobear, até uma lágrima desce pelo lado externo do olho direito e pinga no farelo de pão que restou no prato.
PLIM
A vida é feita de altos e baixos - e é saudável que seja assim. O problema é que os baixos da segunda-feira passam a sensação de que o fundo do poço tem seu solo forrado de uma areia movediça que vai me engolindo aos poucos.
MARIANA NA SEGUNDA-FEIRA
Em qualquer outro dia da semana, compreendo perfeitamente que nada de ruim durará para sempre, que a maioria dos problemas estão na cabeça da gente e que uma simples mudança na maneira de encarar os fatos é capaz de arrancar qualquer dor com a mão. Tem coisas que não dependem de nós para serem solucionadas e quanto a isso não há o que fazer. O negócio é focar naquilo que podemos resolver, incluindo aí a forma como encaramos os problemas.
SOBRETUDO NA SEGUNDA-FEIRA
Não confio em quem diz viver apenas de alegrias, que não admite ter experimentado o lado ruim da vida. Sou completamente a favor de momentos de tristeza e luto. A dor é importante. Em alguns momentos estamos na frente; em outros, estamos atrás. Simples assim. Sei que um dia passa. Tudo sempre passa, tudo sempre passará. Inclusive uma segunda-feira.
ATÉ A CHEGADA DA PRÓXIMA
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