A notícia da gravidez foi uma surpresa, afinal, havia anos que tentavam ter filhos, sem sucesso nem com tratamento médico. Apesar da alegria, a futura mamãe não conseguia esconder a preocupação. Já havia passado da idade ideal de procriar. No pré-natal, outra novidade: eram três bebês, muito arriscado. Escolher apenas um? Ela não conseguia. Seu coração já amava todos do mesmo jeito. Decidiu seguir em frente. No dia do parto, bem antes da data ideal, medo e felicidade misturavam-se, numa estranha combinação de sentimentos. Estava consciente do risco, mas sentia-se pronta. As três meninas nasceram muito pequenas, ficaram um tempão no hospital. No momento da alta, a mãe pegou todas no colo para a foto de despedida. Abriu um baita sorriso, porque sabia que uma nova vida, cheia de promessas, as esperava do lado de fora.
Foram apenas alguns segundos de descuido, na hora de pagar o sorveteiro. A criança simplesmente sumiu no meio da multidão que estava na praia naquela manhã de domingo. A mãe olhou para os lados, sem enxergar o filho. Seu coração, já pressentindo a desgraça que viria, quase parou de tanta dor. Começou a gritar desesperadamente e a correr em círculos, completamente fora de si. Mantenha a calma, disse alguém. Como se fosse possível para uma mãe que perdeu seu filho permanecer tranquila. Minutos depois alguém trouxe o menino pela mão. A mãe o abraçou como se fosse a primeira vez que o visse, e caiu num choro compulsivo. A vida voltou a fazer sentido.
A mãe passou dias e noites inteiras na porta da UTI, onde seu filho adolescente lutava bravamente contra a morte. Aquela maldita moto, que ela nunca quis que ele comprasse. Coração de mãe não se engana, moto é perigoso e os jovens não temem o perigo. Ela permanecia ali, com o coração apertado de angústia e os olhos vermelhos já secos, por falta de mais lágrimas para derramar.Fez mil promessas para todos os santos, e ansiava por um milagre. "Ele está fora de perigo", garantiu o médico, alguns dias depois. Na hora da visita, o menino até sorriu e disse "oi, mãe". Foram as mais doces palavras que ela poderia ouvir, e seu coração transbordou de felicidade.
Com as mães, é assim. Nenhuma história é piegas, nenhum momento junto aos filhos é banal. Todas as emoções são extremas – as boas e as ruins. E é isso o que torna a maternidade tão especial.