Ho...ho...ho!
Olha o Papai Noel de novo aí, gente!
Será que só eu não reparei que já é Natal? Sei que sou um pouco desligada, mas dezembro chegou e eu nem vi? Não, o calendário em cima da minha mesa não mente: ainda estamos em novembro. O que aconteceu é que mal passou o Dia das Crianças, em outubro, e o país já entrou em clima de final de ano.
Enfeites natalinos, as tradicionais musiquinhas (que são sempre as mesmas!), luzinhas pisca-pisca, propagandas na televisão, chegada do Papai Noel nos shoppings... É um bombardeio de todos os lados.
Ninguém mais respeita o mês de novembro. É como se ele não existisse. Passa-se do outubro, das crianças e da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, direto pra dezembro, do Natal e Ano-Novo.
E o dia de finados? A proclamação da República? Claro, não são datas comerciais e, por isso, têm menor apelo.
Sinto muito, mas não consigo entrar no clima de Natal em plena metade de novembro.
Não vou colocar enfeite na porta de casa nem montar pinheirinho com quase dois meses de antecedência, sob pena de, quando chegar a época das festas, não aguentar mais nem olhar para nada que tenha relação com o 25 de dezembro. Tudo o que é demais enjoa. Até espírito natalino antecipado.
Os precavidos dizem que é esta é a melhor época para as compras de Natal, porque as lojas estão vazias. Mas, me diga, que graça tem entrar numa loja e ser a única pessoa a desdobrar uma lista de compras de presentinhos para toda a família?
Detesto muvuca, não entro em shopping lotado nem em longas filas de caixa de loja. Mas também não acho graça em comprar presentes com tanta antecedência. Além disso, minha memória anda um tanto preguiçosa ultimamente. Se eu inventar de esconder embrulhos em casa, talvez só volte a achá-los no Natal do ano que vem. Melhor não facilitar!
.x.x.x.x.x.x.
Maria Clara tem seis anos e, ao contrário de mim, está ansiosa para que chegue o Natal. Vibrou quando apareceu a primeira propaganda com um Papai Noel na televisão, e mais ainda quando soube que o Bom Velhinho já estava no shopping à espera das crianças e de suas listas de pedidos.
? Você me leva lá para conversar com ele? Pediu insistentemente a menina.
A mãe concordou, até porque não havia outra saída.
Quando encontrou o Papai Noel, não quis sentar no colo dele. Chegou perto e disse:
? Sei que você é um homem, disfarçado. Mas não tem problema. Eu só queria dizer que este ano eu mesma vou escrever minha cartinha pro verdadeiro Papai Noel e colocar no Correio. Eu já sei escrever quase tudo.
Voltou pra casa toda faceira. Pegou lápis e papel e começou a escrever sua listinha de pedidos. Passou um tempão e ela não saía da mesma linha. Cheguei perto e ela, suspirando, disse:
? Eu só escrevi boneca. Mas se eu não escrever direito, o Papai Noel não vai saber qual é a que eu quero.
E qual é? ? perguntei, tentando ajudar.
? A monsterrai.
? Como? Não entendi.
- A monsterrai, das bruxinhas.
Aí, entendi. Ela quer uma Monster High. Fui procurar no google (santo google), e lá dizia: "A Monster High Frankie Stein é a filha do Frankenstein e tem 16 anos. Sua pele é verde e seu cabelo é branco com mechas pretas".
Que fim, meu Deus, será que levaram as inocentes bonecas Beijoca, Meu Benzinho, Tippy, Susi, Feijãozinho, Emília?
Pelo menos o Papai Noel entendia as nossas cartinhas... Pobre Bom Velhinho. Se ele não for bom em inglês, está lascado.