Cada um tem um jeito de descrevê-lo. Em comum, a memória da cena. Segundo cientistas da Universidade do Texas, a experiência do primeiro beijo costuma se instalar como uma das memórias mais vivas que alguém carrega pelo resto da vida.
Segundo Sheril Kirshenbaum, cientista que ajudou a conduzir o estudo e autora do livro The science of kissing, ainda não publicado no Brasil, a experiência é tão marcante que costuma ser mais lembrada até mesmo do que a primeira relação sexual.
? Durante o primeiro beijo, estamos envolvidos com todos os nossos sentidos. Quanto mais significante e pessoal for a situação, mais fortes serão as nossas memórias ? afirma, em entrevista ao Correio Braziliense.
Na pesquisa, Sheril analisou a corrente magnética dos cérebros de 60 homens e 70 mulheres enquanto elas eram expostas a diferentes imagens de pessoas se beijando e tendo relações sexuais. Como resultado, observou-se que, durante as cenas de beijo, as conexões das células nervosas do cérebro ocorriam em maior número, mostrando a maior importância para aquele tipo de experiência aos participantes do estudo.
Nem todos, porém, têm no primeiro beijo a memória mais importante de sua vida. É diferente a maneira como homens e mulheres lidam com a experiência. De acordo com Sheril, apesar de todos guardarem vivo na memória o primeiro beijo, diz que há uma diferença na forma como homens e mulheres costumam se relacionar com a experiência.
? As mulheres, quase sempre, obtêm menos satisfação porque esperam muito do momento ? diz a cientista.
Segundo o mestre em comportamento cognitivo Thiago de Almeida, George tem razão quando enxerga o momento vivido com a colega de escola com a entrada na adolescência.
? Trata-se do primeiro contato de intimidade com outra pessoa e pode trazer muita apreensão e expectativa nas fases que o antecedem ? afirma o autor do livro A arte da paquera: inspirações à realização afetiva (Letras do Brasil). ? Isso tudo pode ser muito fantasiado, principalmente por influências da mídia. Parece ser fácil na televisão, mas na vida real tem uma dose de dificuldade para o adolescente e representa um ritual de passagem e um marco evolutivo psicológico ? conclui.
E o excesso de cenas de sexo na televisão ou mesmo pela internet não poderia tirar das novas gerações um pouco da magia desse momento tão marcante? Para a autora do estudo, isso não deve ocorrer.
? Eu não acho que isso esteja sendo perdido. Um beijo entre duas pessoas cria uma conexão especial e fortalece o laço entre elas. É tão significativo hoje quanto tem sido ao longo da história ? acredita a cientista Sheril Kirshenbaum.