Programa de domingo em dezembro: passear no shopping e apreciar a decoração de Natal. Pois foi o que eu fiz no último final de semana, só que aproveitei para comprar os presentes para minha família e amigos mais chegados.
Todos os anos acabo deixando para fazer isso às vésperas das festas, e é aquela correria. Desta vez resolvi me organizar melhor. Fiz uma listinha - nem tão "inha" assim - das pessoas a presentear e me fui, cheia de boas intenções.
Na primeira loja:
? Por favor, eu gostaria de ver um celular.
? Ah, pois não. A senhora tem preferência por algum?
? Com rádio FM e que tire foto.
? Temos vários.
E começou a colocar no balcão um monte de aparelhos:
? Este tem dois chips, este é bluetooth, aquele é um smartphone, esse tem touchscreen e cabo USB...
? Ah, quer saber? Meu filho que venha aqui escolher. Ele decide e eu pago. Está resolvido.
Na segunda loja:
? Boa tarde. Eu quero ver aquela máquina fotográfica digital que está anunciada no jornal.
? Aquela não tem mais. Saiu tudo ontem. Mas tenho várias outras para te mostrar.
? Mas tem que ser naquela faixa de preço. Não posso gastar mais.
? Não se preocupe. A gente facilita o pagamento.
? Sei.
E me mostrou dezenas de máquinas, de várias cores e tamanhos. A moça nem me olhava, só recitava aquela ladainha. Fiquei zonza com tanta informação!
Na terceira loja:
? Oi, eu quero ver um brinquedo legal para um menino de cinco anos. Ele adora os Backyardigans, do Discovery Kids.
? Puxa, acho que não tenho nada, só DVDs. Mas tem muita coisa legal para essa idade. Olha só!
E começou a descer uma parafernália de brinquedos eletrônicos e bonecos articulados da prateleira. Carros que disparam mísseis, monstros que cospem fogo, seres intergaláticos de olhos saltados. Credo!
? Não moça, pode deixar que eu procuro alguma coisa que me agrade.
E, até que enfim, fiquei sozinha, e pude olhar com calma os joguinhos legais para uma criança tão pequena. Não gosto de brinquedos que brincam sozinhos. Qual é a graça?
Na quarta loja:
Entrei numa loja de produtos de beleza para comprar um estojo de maquiagem para minha afilhada. Pra quê! Não conseguia mais sair.
? E para a senhora?
? Não, obrigada. Hoje saí apenas para comprar os presentes de Natal.
? Ah, mas a senhora também merece um agradinho. Olha só que gostoso este perfume. É lançamento.
? Hum, delicioso mesmo. Mas não estou precisando, obrigada.
? Um hidratante para o rosto? Creme para as mãos? Disfarçador de olheiras? Máscara refrescante de pepino?
? Não, não, não. Nãooooo. Obrigada. Tchau.
Ufa!
Na quinta loja:
? Boa tarde, eu quero ver um conjunto de sutiã e calcinha.
? Pois não. Tem preferência pela cor?
? Branca, tamanho 42.
Depois de alguns minutos...
? Branca não tem. Só bege e rosa.
-? Não. Então, me vê um conjuntinho preto, com rendas.
? Tem preferência pelo modelo?
? Normal, eu acho.
? Eu pergunto porque a gente tem aqueles sutiãs que aumentam os seios, que diminuem, que deixam os dois mais juntos, que cruzam nas costas, com bojo, sem bojo, com enchimento, com alça de silicone, os frente única. E as calcinhas também: as que levantam a região, as que aumentam, as que diminuem....
? Não, por favor. Quero aquela camisolinha ali da vitrine.
Cansei!
Última loja
? Por favor, senhor. Quero um de dois sabores. Chocolate belga e doce de leite. E uma garrafinha de água mineral.
? É R$ 7, senhora.
? Obrigada.
Peguei meu sorvete e, depois de um suspiro profundo, sentei para descansar. Afinal, depois de um dia daqueles, eu merecia uma recompensa.