A popularização de um acessório de segurança infantil que imita uma coleira cresce proporcionalmente à polêmica em relação ao seu uso. Enquanto alguns pais defendem a praticidade do produto ? por manter o controle das crianças ?, outros se sentem agredidos por considerarem as cordas ou os fios que seguram a criança muito semelhantes à guia para animais. A dúvida levantada por especialistas é: até que ponto a "rédea" é usada para proteger os pequenos ou por simples comodidade dos pais.
A psicóloga Luciana Mucci de Morais experimentou o acessório na filha de dois anos. Consciente dos benefícios e prejuízos, ela decidiu utilizá-lo em Sofia em situações pontuais, como quando está com ela em aeroportos.
Apesar de ter enfrentado olhares de reprovação, a mãe defende o uso moderado. Segundo ela, a "coleira" ? que é uma mochila presa nas costas da criança ? cumpre a mesma função do carrinho de bebê, com a diferença de que permite a mobilidade. O equilíbrio entre o controle excessivo e a proteção, para Luciana, é fundamental.
? No shopping não uso algo que a segure, porque estamos passeando. Não dá para querer controlar todas as situações ? afirma.
As psicólogas Rosane Cristina Pereira Spizzirri e Andréia Almeida Schneider concordam com Luciana. Apesar de serem contra o acessório, elas entendem que, em situações isoladas, pode ser uma alternativa. A utilização frequente da guia, porém, pode representar problemas em impôr regras aos pequenos.
? Quando ocorrem falhas no processo de imposição e aprendizagem de limites, entram em cena instrumentos paliativos como esse. Sou contra o uso, se o dispositivo encobrir uma dificuldade na educação das crianças ? explica Rosane.
Mais do que discutir se a "coleira" pode gerar traumas para as crianças, Andréia enfatiza a importância do contexto familiar no qual elas estão inseridas. A psicóloga se preocupa com o processo de terceirização da educação dos filhos:
? O acessório deve ser usado com moderação e orientação. O mais importante é o funcionamento da família.