A observação é antiga. Tem gente que gosta e se preocupa tanto que acaba enchendo o mascote de manhas e mimos. O bichinho pode até estar bem protegido, mas saiba que excesso de atenção pode fazer com que o pet se torne dependente das pessoas e, pior, um animal ansioso.
Isso pois terá a necessidade de sempre ter uma pessoa por perto para não se sentir sozinho. Para alguns mascotes, a ausência de companhia pode causar pânico.
Algumas raças até são mais independentes, como é o caso dos huskies e chow chows. Alguns exemplares de raças reconhecidamente amorosas, como lhasa apso, por serem calmos e dóceis, também podem passar batido no quesito ansiedade, mesmo recebendo muitas atenções.
Ainda que sejam mais donos do seus narizes, gatos também podem mostrar necessidade extrema de estar ao lado de seus tutores pelas mais diversas razões. Cabe lembrar que cada animal tem um arquétipo mental distinto e alguns realmente podem se tornar bastante ansiosos com o passar dos anos, mesmo que outrora tenham sido independentes.
Atenção aos detalhes
Se excesso de dengos nunca foi o seu caso e seu mascote anda carente, preste atenção aos detalhes. A vida também muda para os animais e sentir que algo está diferente pode fazer com que eles procurem insistentemente seus donos — que, sem saber o que está acontecendo, cercam os pets de mimos e abraços, achando que assim estarão resolvendo com carinho e afeto.
E não estamos falando de ansiedade gerada apenas nos animais adultos recém-chegados à família, como vimos no período da enchente. Mesmo mascotes que há tempos habitam com seus tutores podem sofrer com esse mal.
Mudança de residência, ausência prolongada de uma pessoa da família e até mesmo o passar da idade podem ser fatores de estresse aos pets e que podem gerar problemas como dores articulares e comprometimento da visão e da audição.
A vida mudou, e agora?
Sobre os animais trazidos com a enchente, nem é preciso de muitas explicações para compreender o elevado nível de ansiedade que apresentam. Mas, às vezes, com o intuito de ajudar, pode ser que estejamos criando um outro problema quando cobrimos de afeto os animais adultos que nos procuram com frequência. Em alguns casos, carinhos não são garantia de que o pet vai voltar ao normal.
Problemas de saúde e quebras na rotina podem fazer com que o animal procure mais o tutor ao longo do dia, uive, caminhe de um lado para o outro ou fique mais tempo em cima da cama. É quando o tutor percebe que o animal está mais "manhoso" ou ansioso, buscando um colo ou um mimo por estar com sensação de perda, ameaça ou dor.
Criando um novo problema
Ao nos depararmos com um mascote aflito, a tendência é, de fato, enchê-lo de mimos. Tenha cuidado: isso não necessariamente vai suprir a causa da angústia que pode ter se instalado de forma definitiva. Você não terá tempo para ficar de babá do seu pet por muitos dias e isso criará um ciclo vicioso entre o animal e o tutor.
Já falamos aqui outras vezes sobre não sobrecarregar o mascote de dengos e atenções justamente para não torná-lo um mascote dependente, esses que miam e latem desesperadamente pela casa na ausência do tutor.
Invista nas regras
Entenda que regras são fundamentais e isso vale para qualquer mascote, até para uma chinchila.
Mudança de rotina pode deixar os pets extremamente angustiados e esse rompimento pode passar desapercebido pelos tutores. Um animal que, de uma hora para outra, exija mais da sua atenção é um sinal de alerta.
Sinais para ficar atento
- Se a ração foi trocada
- Se o lugar da casinha do pet foi trocado
- Se o pet tem pegado muito sol
- Se passou por um procedimento estético ou cirúrgico
- Se tem lambido muito uma parte específica do corpo
- Se tem uma fêmea no cio pelas imediações
- Se está mancando
- Se tem sujeira onde ele fica acomodado
- Se está comendo pouco
- Se alguém se mudou da casa
- Se alguém foi morar com você
- Se o seu pet veio de outro tutor
- Se o pet está ficando velho
- Se o odor da urina ou o hálito estão diferentes
Quando o carinho pode resolver?
Todas essas situações podem causar mal-estar, o que faz o mascote ir atrás de mais atenção.
Mimos e carinhos nem sempre serão a solução para um mascote que se mostra constantemente aflito. Procure um veterinário para saber mais sobre a real situação
DAISY VIVIAN
Veterinária
Há casos em que ficar uma hora por dia (e sempre no mesmo horário) fazendo carinhos no mascote, dedicando toda a sua atenção a ele, pode realmente ajudar a resolver a questão. O ideal é dividir esse tempo durante o dia e nunca esquecer de deixar água e comida disponíveis.
As sensações de perda e abandono são as mais fáceis de serem corrigidas por meio do carinho, mas saiba que seus esforços são praticamente nulos em questões orgânicas acompanhadas de dor ou desconforto. É aqui que está o problema. Seu pet seguirá estressado e você se mostrará cada vez mais preocupado com o mascote, que vai perceber que o tutor também está angustiado. Tudo complica.
Entenda que mimos e carinhos nem sempre serão a solução para um mascote que se mostra constantemente aflito. Procure um veterinário para saber mais sobre a real situação. Exames complementares podem esclarecer muita coisa e ajudar a dar fim àquela angustiante e interminável súplica por mais atenção.
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Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É", histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação.