Existem situações que, para um tutor, podem ser para lá de compreensíveis, mas que têm potencial de deixar seu pet extremamente estressado a ponto de mudar o comportamento. Por serem situações do dia a dia, há quem não relacione a súbita mudança do mascote com as novidades que se desenrolam na família.
Abaixo, confira seis situações que seu pet não entende de jeito nenhum, mesmo que sejam extremamente frequentes no cotidiano familiar:
Esbarrões
Não pense que seu pet entende aquela súbita virada para o lado que resultou em um tropeço em cima dele. Um animal não identifica acidentes, muito menos pedido de desculpas. Ao ser esbarrado, um pet acredita que foi agredido. Isso explica alguns acidentes envolvendo mordidas súbitas de mascotes mansinhos. O que acontece é que o pet pode se sentir agredido e a resposta é imediata: ele se defende por meio da mordida.
Excesso de trabalho
Por mais que sejam necessárias horas extras de trabalho para obter um ganho específico, seu pet não está nem aí para aquilo que o tutor almeja receber.
Chegadas mais tarde em casa, finais de semana sozinho e tutor que de repente não sai de cima do computador podem significar uma verdadeira tortura para o mascote, que entende a mudança como falta de atenção.
Tudo que interfere no tempo em que dispunha para usufruir a vida acompanhado de seu tutor é uma ameaça à própria existência.
Desânimo e estresse
Igualmente importante e que não pode ser negligenciado é o período turbulento na vida do tutor. Divórcio, luto, dificuldades em relacionamentos e até excesso de preocupação reflete no comportamento e no suor das pessoas, o que seguramente não passa desapercebido dos pets, em especial dos cães — que literalmente farejam problemas.
Um tutor preocupado, estressado e desanimado traz insegurança ao bem-estar do mascote, que pode também ter seu comportamento afetado
DAISY VIVIAN
veterinária
Um tutor preocupado, estressado e desanimado traz insegurança ao bem-estar do mascote, que pode também ter seu comportamento afetado. Se seu pet está reclamando muito, fazendo xixi no lugar errado, se escondendo ou exigindo carinhos redobrados, preste atenção se você não está enfrentando um período mais difícil em sua vida. Isso certamente também está afetando seu animal de estimação.
Novos integrantes na família
Já deu para entender que toda e qualquer situação que afete a rotina do seu mascote tem potencial para deixá-lo com as orelhas em pé. A não ser que a mudança traga uma rotina mais agradável — como caminhar no parque, dormir no sofá ou receber uma comida mais saborosa —, tudo que em um primeiro momento afeta a rotina de um mascote representa ameaça.
Isso vale para a chegada de um bebê, um novo companheiro, um coleguinha do filho durante as férias escolares e até mesmo outro animal de estimação. Tudo, em um primeiro momento, estressa seu mascote. Se o tutor sabe que esse tipo de situação vai acontecer, o melhor a fazer é ir preparando seu mascote para uma rotina mais agradável.
Tenha em mente a necessidade de ter momentos aconchegantes ao lado de seu pet, seja sozinho ou com o novo integrante da família. Suavize a transição e jamais deixe seu pet trancado em algum cômodo para dar atenção ao seu bebê ou namorado. É melhor você fechar a porta do quarto do que deixá-lo contido longe de todos.
Isso pode se tornar motivo de grande ansiedade para seu pet e, por essa razão, ele pode se tornar arredio.
Esfregar o nariz no tapete com xixi
O castigo é antigo, mas não encontra muito fundamento. Seu pet simplesmente o vê furioso pegando-o pelo pescoço e esfregando o nariz dele no tapete felpudo, apenas isso. Ele não relaciona a atitude de ter feito xixi, o que é extremamente normal para ele, a receber uma represália porque fez no tapete. Esqueça. Ele realmente não vai fazer essa relação.
E mais: se você fizer isso na hora do xixi, ele pode relacionar fazer xixi como sendo algo errado, e não o fato de ter feito xixi no tapete. Existem outras técnicas para ensinar seu pet a fazer as necessidades no lugar certo. Esfregar o focinho na própria urina em nada o ajuda. Pelo contrário: o deixa mais confuso e o atormenta.
Hotel ou cuidadores
A súbita saída da família ou do pet de casa é uma das situações mais ansiosas para um pet. Ele não tem como saber que se trata de algo passageiro. Tudo que ele tinha ao seu redor, as pessoas, a rotina e até mesmo a casa simplesmente desapareceram.
A primeira noite pode ser terrível. Certamente será mais difícil se comparada à segunda. Uma vez que ele vai e volta, pode começar a entender que isso poderá acontecer novamente, mas será mesmo? Alguns pets podem realmente ficar muito tristes e até adoecerem em função da ausência súbita de seus tutores e de sua rotina.
Sempre se recomenda que a pessoa ou o hotel que vai se responsabilizar por esse período de ausência dos tutores faça isso de forma gradual e dias antes da data necessária para a separação. Claro que nem sempre isso é possível, pois problemas acontecem sem hora marcada, mas havendo a possibilidade de antecipar esse encontro, melhor fazê-lo do que seu pet acordar em uma situação e dormir em outra.
Podendo escolher, prefira que ele pelo menos fique na casa onde habita. O estresse pode ser menor. Cabe lembrar também que muitos animais, em especial os mais jovens, podem adorar um hotel para mascotes ou uma babá cuidadosa. Mas trabalhar no sentido de prevenir situações de ansiedade nunca é demais.
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É", histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação.