É verdade que a pandemia de coronavírus está mudando a rotina de muitas indústrias em todo o mundo. A moda é uma das que, desde o início, sentiu os impactos. Com eventos cancelados para evitar aglomerações, o setor se viu desafiado a repensar o calendário de desfiles, feiras, showrooms e campanhas que mobilizam dezenas de pessoas anualmente.
Mas algumas marcas já estão se mexendo e encontrando alternativas para dar seguimento aos trabalhos. É o caso da Hanifa, marca africana inclusiva criada em 2012.
A designer congolesa e diretora-criativa Anifa Mvuemba, de 29 anos, causou burburinho no universo fashion ao apresentar sua mais recente coleção, batizada de Pink Label Congo, em um desfile completamente digital – das modelos até as roupas. A exibição ocorreu por meio de uma live no Instagram na última sexta-feira (22) e durou 14 minutos.
Começou com um documentário sobre a República Democrática do Congo, que citava a questão da exploração mineral, que afeta sobretudo mulheres e crianças. O tema inspirou a coleção.
– A gentileza, beleza, história, equilíbrio, majestade, força, poder e esperança do espírito congolês inspiraram esta coleção. Ao criar cada peça, lembrei-me das histórias que minha mãe me contou sobre as mulheres que conhecia no Congo. Mulheres que sofreram grandes perdas, mas ainda assim, reuniam forças todos os dias para reagir – diz a estilista.
No desfile, as roupas surgem como se estivessem sobre corpos invisíveis . Não há cenário, há apenas um fundo preto. É possível perceber cada detalhe das peças enquanto elas se movimentam, perfeitamente. Veja um trechinho:
Em entrevista à Teen Vogue, a estilista, que em seu processo de criação está acostumada a usar recursos digitais, revelou que já planejava lançar a nova coleção pela internet, mas se perguntava se ainda seria o modelo certo quando a pandemia mudou tudo.
Requer uma quantidade ainda maior de atenção aos detalhes para que as roupas caibam e pareçam perfeitas.
ANIFA MVUEMBA
sobre criação digital
– Projetar conteúdo usando modelos 3D e agora uma coleção inteira foi uma mudança de jogo para mim. Na verdade, requer uma quantidade ainda maior de atenção aos detalhes para que as roupas caibam e pareçam perfeitas – afirmou.
Segundo ela, além de ser uma alternativa em tempos de coronavírus, o projeto tem como intuito levar a experiência de assistir a um desfile para pessoas que não teriam essa oportunidade:
– Sabemos que algumas pessoas nunca terão a possibilidade de ir a uma semana de moda, então queríamos aparecer para o nosso público na plataforma em que eles aparecem para nós diariamente. Foi quando o Instagram se tornou a escolha óbvia – disse à publicação.
O documentário e o desfile estão no IGTV da marca:
As peças da nova coleção já estão disponíveis no site da marca.
