A atriz Bruna Linzmeyer comentou à coluna de Patrícia Kogut, do jornal O Globo, como achou que sua vida mudaria após revelar sua sexualidade publicamente. No bate-papo, a atriz revelou que teve medo de não conseguir mais trabalhos. A artista começa a gravar o remake da novela Pantanal em julho, e participa de dois filmes com temática LGBT+: Bate e volta Copacabana, de Juliana Antunes e Marcella Jacques, e Uma paciência selvagem me trouxe até aqui, de Érica Sarmet.
A atriz inicia seu relato lembrando que viver seus desejos nunca foi um problema, e que namorar mulheres só se tornou uma questão quando partiu do olhar alheio.
— Sempre vivi meus desejos, fossem sobre o que fossem, com muita vontade, liberdade e alegria. Me apaixonar, estar e namorar mulheres foi mais um desses desejos. Não foi uma questão para mim. Na época, não foi um problema. (...) As pessoas e eu pensávamos que eu não ia conseguir mais trabalhar, não sabíamos o que ia acontecer com a minha carreira. E era um receio genuíno porque isso acontecia realmente. As pessoas perdiam papéis e contratos. Quando eu comecei a falar, foi porque saiu numa matéria que "Bruna Linzmeyer é gay" — afirma.
Bruna ainda refletiu, na época, sobre o nome que poderia usar para o seu caso, e enxergou nisso uma problemática pouco discutida.
— Eu não tinha nem pensado nesses nomes, sabe? Eu estava só vivendo a minha vida. Mas eu pensava: "Se eu for ser alguma coisa, não é 'gay' a palavra. Acho que talvez seja lésbica. Porque gays são homens". No caso, eu sou uma mulher, então já tem uma invisibilidade nesse sentido. Aí fui me colocando conforme as coisas foram vindo e não foi fazendo muito sentido para as pessoas que estavam ao meu redor nem para mim. Fui descobrindo isso junto com as pessoas que me acompanham, junto com vocês da imprensa. Fui aprendendo sobre os nomes, a importância de falar disso — reflete.
A atriz comenta que, atualmente, a pauta passou a fazer parte de seu trabalho, em um esforço de divulgar as informações corretas sobre a causa LGBT+ e gerar identificação e representatividade.
— Foi uma construção coletiva porque, se eu não precisasse falar, eu não ia falar, entende? Falo porque eu preciso e porque é preciso para o mundo ser falado. Então, trato com carinho. São coisas que eu adoraria ter ouvido. E, pelo que recebo de retorno das pessoas, tem feito sentido para elas, tem feito bem esse deslocamento de olhar. Faço (essa representatividade) na maior alegria. Hoje em dia, é parte de mim falar disso. Tenho escrito sobre isso, tenho feito histórias ficcionais. Então, isso virou meu ofício também — admite.