
Na adolescência, Ariela Soares não se achava digna do título de modelo. Cresceu ouvindo que seu biotipo dialogava com o estilo manequim e sempre curtiu a área da costura e da customização de roupas, mas se aventurar no mundo da moda era outra história. A baiana só deu uma chance para as passarelas quando um olheiro de uma agência carioca identificou seu potencial aos 14 anos. Hoje, uma década depois, é apontada como uma das principais modelos brasileiras da nova geração. Já participou de algumas das principais semanas de moda do mundo, como Paris, Nova York, Londres e São Paulo. E a lista de grifes e estilistas com os quais trabalhou é repleta de nomes de peso: Marc Jacobs, Emporio Armani, Jean-Paul Gaultier, Christian Siriano e por aí vai.
– Um dos desfiles que mais me balançaram foi o do Marc Jacobs, amei fazer. Mas a ficha caiu mesmo quando trabalhei como modelo de provas para uma coleção de Jean-Paul Gaultier. Ele me escolheu pessoalmente e passamos uma semana no ateliê. Depois fiz o desfile da mesma coleção – recorda Ariela, agenciada pela Aro Model Manager e uma das estrelas do editorial de inverno da Revista Donna.
Aos 17 anos, a modelo começou sua trajetória fora do Brasil. Morou cinco anos na Ásia e, agora, está radicada em Nova York. A saudade da "comida de mainha" e a barreira do idioma foram desafios para a adaptação longe da terra natal, lembra Ariela. E quem dera que a lista de dificuldades parasse por aí: a baiana luta contra o racismo desde o início da carreira.

– Fui uma das primeiras modelos negras de algumas agências que trabalhei e cheguei a escutar coisas de alguns clientes como "não podemos trabalhar com essa modelo pois a luz vai ficar muito escura" ou “não estão acostumados com esse perfil". Às vezes, era apenas um "obrigado" e tchau. Mas essas dificuldades hoje me dão ainda mais orgulho da minha trajetória – explica.

Ariela admira brasileiras como Gisele Bündchen e Carol Trentini, mas sabe a importância de ter entre suas referências tops negras como Naomi Campbell, Iman Abdulmajid e Ebonee Davis. A diversidade na moda é um dever, não um favor, defende a modelo:
– A inclusão de raças, shapes, gêneros, orientações sexuais e todas as expressões pessoais simboliza evolução. A moda é uma vitrine da realidade, e hoje estamos em novos tempos, onde as pessoas estão mais abertas a quebrar tabus, sem medo de errar, sem medo de ser, criando tendências e escrevendo essa nova história. É importante se sentir representado, isso reflete na nossa vida pessoal, nas nossas crenças, na liberdade de ser e sonhar. Os estilistas, fotógrafos e diretores de casting têm o poder de mudar a moda com a diversidade. A moda não deve criar a gente, a gente deve criar a moda.

Fora das passarelas, Ariela gosta de novas experiências. Além de ser apaixonada pela dança, curte andar de skate, jogar vôlei e futebol nas horas vagas. Até uma ponta como atriz ela já fez: participou do clipe End Game, da cantora Taylor Swift. A interpretação de personagens faz parte de seu dia a dia no universo fashion, ressalta:
Gosto de deixar meus horizontes abertos. Amo atuação, mas nunca estudei para isso. Quero aprender um pouco mais sobre a profissão, talvez no futuro venha a fazer algo relacionado. Mas, por agora, a carreira de modelo já me deixa atuar. Acabo sendo diferentes pessoas em diferentes contextos. Tenho que virar aquela personalidade por um dia.